O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu, em palestra na Caixa Econômica Federal, que o presidente Michel Temer escolhe seus auxiliares com base no número de que votos que ele pode lhe garantir no Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Padilha citou, como exemplo, como foi o processo de nomeação do deputado Ricardo Barros (PP-PR) como ministro da Saúde, mesmo sem ter qualquer afinidade ou histórico com a área.
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O ministro relatou o que disse ao PP ao entregar a pasta ao partido: “A Saúde é de vocês, mas gostaríamos de ter um notável”. A legenda, segundo ele, respondeu da seguinte maneira: “Diz para o presidente que nosso notável é o deputado Ricardo Barros”. “Vocês garantem todos os votos do partido nas votações?”. “Garantimos”. “Então o Ricardo será o notável.”
O diálogo foi divulgado pela Coluna Estadão, assinada pelos jornalistas Andreza Matais e Marcelo de Moraes. Padilha não demonstrou preocupação com as críticas dirigidas ao ministro da Saúde. Para ele, o mais importante foi conquistado pelo governo. “Nosso objetivo era chegar aos 88% de apoio no Congresso. Não há na história do Brasil um governo que tenha conseguido 88% do Congresso. Isso Vargas não teve, JK não teve, FHC não teve, Lula não teve, só nós que conseguimos”, afirmou.
Reportagem publicada na semana passada pela Folha de S.Paulo mostrou que Ricardo Barros adquiriu, em 2014, metade de um terreno de R$ 56 milhões em Marialva (PR), embora tenha patrimônio declarado de R$ 1,8 milhão.
PublicidadeO ministro disse ao jornal que fez um empréstimo de R$ 13 milhões de seu sócio na transação, uma empresa do setor imobiliário, para bancar o negócio. Na ocasião, ele era secretário de Indústria e Comércio do Paraná.
O Congresso em Foco procurou as assessorias dos ministros da Casa Civil e da Saúde para comentar as declarações. Mas não houve retorno até o momento.
Polêmicas
Desde que assumiu a pasta, Barros se notabilizou por declarações polêmicas. Entre coisas, disse que homens procuram menos o atendimento de saúde porque “trabalham mais do que as mulheres e são os provedores das casas brasileiras”. Chamado de machista nas redes sociais e criticado pela própria filha, a deputada estadual Maria Vitória (PP-PR), ele pediu desculpas pela fala.
Ele também declarou que o país gasta desnecessariamente com saúde porque muitos brasileiros “imaginar” estar doentes. O ministro também defendeu rever o tamanho do Sistema Único de Saúde (SUS) e a criação de planos de saúde populares, com menos cobertura, para aliviar o sistema público.
Em sua primeira entrevista coletiva como ministro, Barros citou a fé para responder a uma pergunta sobre a lei aprovada no Congresso Nacional que liberou o uso da fosfoetanolamina para combate ao câncer, mesmo sem comprovação clínica de eficácia. “Na pior das hipóteses, tem o efeito placebo. A fé move montanhas”, disse. A lei acabou derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Por meio de nota enviada ao Congresso em Foco, o ministro Eliseu Padilha justificou sua fala afirmando ser normal e democrático constituir uma base de sustentação do governo. “Em todas as democracias do mundo é normal a constituição da base de sustentação pluripartidária com a participação dos partidos membros nos cargos de governo. É o caso! O PP é um dos partidos da base de sustentação do governo”.
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