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Nenhum petista admite que a pergunta de Odair a Marconi e a declaração de Agnelo no dia seguinte tenham sido um jogo combinado. Mas não há ninguém no Congresso que acredite numa mera coincidência. Depois do drible de Agnelo, o senador Cassio Cunha Lima (PSDB-PB) assim resumia a performance dos dois governadores: “Terminou um a um”.
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Inicialmente, Agnelo não queria comparecer à CPI. Ao contrário de Marconi, que foi pessoalmente ao Congresso pedir para depor, o governador do DF tentou evitar a todo custo a sua oitiva. Até então, era Marconi quem ia levando vantagem. Quando Agnelo viu que seu depoimento era inevitável, foi convencido por seus assessores a mudar de tática. Acertou-se que ele responderia sobre tudo o que lhe fosse perguntado, mesmo que não dissesse respeito ao caso Cachoeira.
De 30 de maio até ontem (13), foram intensificadas as reuniões dos assessores com o governador. Uma especialista em media training foi contratada para que Agnelo se mostrasse mais à vontade na CPI.
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A segunda parte da estratégia que permitiu um bom desempenho de Agnelo teve a participação de Odair Cunha. Durante aproximadamente uma hora, ele questionou o governador do Distrito Federal sobre as suspeitas de beneficiamento a Cachoeira na capital do país. Questionou sobre a indicação de pessoas ligadas à organização chefiada pelo contraventor. E pediu informações sobre os contratos celebrados com a Delta.
No fim do depoimento, Cunha disse que “as atividades do grupo são infinitamente superiores em Goiás do que no Distrito Federal”. Ao tomar a iniciativa de questionar sobre revelações da Operação Monte Carlo, Cunha deixou aos oposicionistas duas possibilidades. Uma era fazer as mesmas perguntas, que propiciaria ao governador repetir as respostas.
A outra era fugir do tema e pressionar Agnelo sobre as diferentes versões da compra de uma casa no Lago Sul, área nobre do Distrito Federal. O petista disse que pagou R$ 400 mil, em 2007, pelo imóvel. O valor, para oposicionistas, é incompatível com a renda dele. Foi o ponto em que Agnelo demonstrou maior fragilidade. Não ficou clara a forma de pagamento da casa, nem de que forma ela foi declarada à Receita. Além disso, o valor pago é bastante inferior ao valor de mercado dos imóveis em Brasília – R$ 400 mil é menos que o que se costuma pagar por um apartamento de três quartos no Plano Piloto. Mas a compra da casa não tem qualquer relação com o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira, o foco da CPI. “Isso é algo que deve ser apurado pela Justiça, não é objeto da CPI”, afirmou Cunha.
“Agnelo deu um show que eu não esperava. Ele saiu fortalecido hoje”, disse o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Até terça-feira (12), especialmente após o depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), aliados e até petistas tinham receio sobre o desempenho dele. Acreditavam que a falta de traquejo nos microfones poderia prejudicar a imagem do governador.
Aliados têm medo que Agnelo se enrole
Como debate na TV
Aliados lembram que, numa comissão de inquérito, a avaliação do desempenho é feita como em um debate na televisão: quem melhor se expressa leva a melhor. Antes dos depoimentos, parlamentares acreditavam que Perillo, por ter conhecimento do Senado – foi senador até 2010 – e mais jogo de cintura, levaria a melhor.
“Este jogo ficou um a um”, resumiu o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Voz destoante entre os tucanos, o paraibano entende que, primeiro, a CPI não poderia ter convocado Agnelo nem Perillo. Na visão dele, os depoimentos foram irregulares, já que a comissão não teria poder para convocar os chefes de Executivo locais.
Para o tucano, crítico da disputa entre base e oposição na comissão, até agora pouco foi produzido pelo colegiado. Existem 230 requerimentos em pauta. São basicamente convocações e quebra de sigilos de pessoas supostamente envolvidas com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. “Agora a CPI têm que entrar nos eixos, investigar Cachoeira e a Delta. Perdemos tempo”, resumiu.
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