A oposição ao presidente Michel Temer (PMDB) tenta atrasar ao máximo a votação da segunda denúncia contra o peemedebista por organização criminosa e obstrução da Justiça. Na manhã desta quarta-feira (25), o líder do PSB, Júlio Delgado (MG), abordava os colegas pelos corredores e salões da Câmara para convencê-los a não registrar presença. Sem 342 registros, a sessão pode ser aberta, mas a votação não pode começar.
Ele disse ao Congresso em Foco que o trabalho é tentar impedir a votação ou levá-la para começar à noite para que a população, já de volta do trabalho, acompanhe tudo ao vivo pela TV e aumente a pressão sobre os aliados de Temer. O presidente tem maioria na Casa e tem expectativa de vitória, apesar de ser o presidente mais mal avaliado pela população, com apenas 3% de aprovação segundo a pesquisa CNI-Ibope do mês passado. Durante o dia, a pressão seria menor, raciocina Delgado. “Tá todo mundo trabalhando, ninguém vai acompanhar a votação”, explica o oposicionista. “A gente quer a votação pelo menos à noite, quando todo mundo vai estar em casa, podendo acompanhar a votação e saber como vota o seu representante”, afirmou o parlamentar.
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Delgado admite que vencer Temer será “difícil”, invertendo a tendência de rejeição da denúncia do Ministério Público. “Inverter é difícil, mas a gente não pode dizer que essa hipótese não existe. A gente tem muita dificuldade de colocar aqui 342 votos, mas se conseguirmos ter mais votos a favor da denúncia do que os contra, já é uma vitória muita grande.”
Delgado disse que a estratégia é “por etapas”. “Nossa meta é tentar os 342 votos. Se não alcançar, a outra meta é ter mais votos que eles. Se não alcançar, é impedir a votação hoje.”
Cinco votos
Temer deve ter mais cinco votos, com a desfiliação de cinco integrantes do PSB ameaçados de serem expulsos do partido na sexta-feira. A lista é integrada pelo ministro das Minas e Energia, o deputado licenciado Fernando Coelho Filho, que deve se desfiliar ainda hoje. Já chegaram ao PSB os pedidos de desfiliação da ex-líder da legenda na Câmara Tereza Cristina (MS), de Danilo Forte (CE), de Fábio Garcia (MT) e de Adolfo Sachetti (MT). O partido abriu processo de expulsão porque eles votaram favoravelmente à reforma trabalhista.
Tereza Cristina foi retirada da liderança do partido e substituída por Delgado. A reportagem procurou a deputada Tereza Cristina, mas ela disse que não poderia conversar no momento.
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