“À luz branca do dia, arco-íris em cascata, um espectro de amostras se lançam de um trilhão de facetas. À noite, brilho esmaecido e taças de champanhe. Esferas de gema vermelha de rosas frescas. Isso é Baccarat.” É com essa promessa de luxo que se apresenta, em sua página na internet, o edifício onde o empresário Joesley Batista, pivô da mais recente crise política do país, se refugia quando está em Nova York. Um dos donos do grupo JBS, o novo delator da Operação Lava Jato é proprietário de um apartamento em um dos últimos andares do Baccarat Residences, localizado na esquina da Rua 52 com a Quinta Avenida, em frente ao Museu de Arte Moderna, no coração da cidade.
No edifício, de 50 andares, um imóvel custa de US$ 8,5 milhões (R$ 28 milhões) a US$ 9,5 milhões (R$ 31,3 milhões). As unidades residenciais ficam no topo do prédio. Embaixo, funciona um luxuoso hotel 5 estrelas. A diária mais econômica custa cerca de US$ 1 mil.
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Assim como os hóspedes, os moradores do Baccarat têm acesso irrestrito ao restaurante, às piscinas, à academia, ao bar, à sauna e ao spa, entre outras comodidades de um hotel. Têm também a segurança e a privacidade de um condomínio. O prédio, inaugurado em 2014, foi projetado e erguido pela Skidmore, Owings & Merrill (SOM), uma das maiores e tradicionais empresas de arquitetura e engenharia dos Estados Unidos.
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PublicidadeDestino ignorado
Depois de depor e entregar gravações e documentos à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal (STF) que comprometem, entre outros, o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), Joesley viajou para os Estados Unidos. Chegou a ser visto por funcionários do edifício circulando pelos corredores do Baccarat. Mas não foi visto mais desde que vazaram trechos da delação premiada dele, na última quarta-feira (17). Especula-se desde que ele tenha se hospedado em algum hotel na cidade até que tenha ido para o estado do Colorado, base da JBS no país. O grupo tem mais de 60 fábricas em território norte-americano.
Os trechos divulgados da delação até agora trazem conversas gravadas por Joesley com Michel Temer e Aécio. No diálogo com o presidente, ele conta, entre outras coisas, que tinha um procurador informante no Ministério Público Federal e que “segurava” dois juízes que estavam em seu caminho. Também fez menção a negociações financeiras com Eduardo Cunha para que o ex-deputado cassado não fizesse delação premiada. Temer ouviu tudo sem tomar qualquer atitude, em alguns momentos chego a dizer “ótimo, muito bom” sobre as tratativas para obstruir a Justiça.
A Polícia Federal também gravou a entrega de uma mala com R$ 500 mil enviada por Joesley ao deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), escalado pelo presidente para tratar de assuntos de interesse da JBS. O empresário também gravou conversas em que Aécio lhe pede R$ 2 milhões. O rastreamento mostrou que o dinheiro foi parar na empresa do filho do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), aliado do presidente do PSDB.
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