Um acordo patrocinado por parlamentares do PT, PSDB e do PMDB deixou a votação de requerimentos de convocação de governadores e da quebra de sigilo da Delta Construções em todo país para a próxima terça-feira (29). Como as oitivas programadas para esta quinta-feira (24) tiveram pouco resultado prático, integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira tentaram votar os documentos. No entanto, a união entre governistas e oposicionistas foi mais forte.
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Os três depoentes de hoje – o ex-vereador pelo PSDB e ex-presidente da Câmara de Vereadores em Goiânia Wladimir Garcez; o ex-sargento da aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e Jairo Martins de Souza – exerceram o direito constitucional de ficarem calados e não produzirem provas contra si mesmos. Eles foram convocados na condição de investigados. Ao contrário dos dois últimos, que foram dispensados, Garcez leu um depoimento e não respondeu às perguntas dos membros da comissão.
A oitiva dos três se encerrou em aproximadamente duas horas. Depois, foi apresentada uma sugestão pelo senador Pedro Taques (PDT-MT) para que a sessão passasse para administrativa. Desta maneira, os membros da CPMI poderiam analisar requerimentos de quebra de sigilo e de convocações. A intenção de parte dos parlamentares era marcar os depoimentos dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).
Citando um acordo feito durante a sessão, deputados e senadores do PSDB, do PT e do PMDB conseguiram adiar a votação dos requerimentos para terça-feira (29). Ao ver que as votações seriam adiadas, parlamentares passaram a reclamar da condução dos trabalhos da comissão. Votaram contra o adiamento os senadores Pedro Taques, Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Kátia Abreu (PSD-TO) e os deputados Sílvio Costa (PTB-PE) e Rubens Bueno (PPS-PR).
“Bancada da Delta”
Publicidade“Começamos a perceber a bancada da Delta aqui dentro”, disparou Bueno, que também é líder do PPS. Os parlamentares querem, além da convocação dos três governadores, a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da Delta em todo o país. Por enquanto, foi aprovada somente a quebra do sigilo da empresa no Centro-oeste e no Tocantins. A quebra já foi concedida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) durante a Operação Saint Michel, da Polícia Civil local.
Ao mencionar a formação de uma bancada da Delta na CPMI, Rubens Bueno atraiu olhares críticos dos poucos parlamentares que estavam ainda presentes na sessão. Boa parte dos governistas já tinha ido embora. Comentários diretos foram evitados, com exceção do deputado Filipe Pereira (PSC-RJ. “Não aceito de nenhum parlamentar que a indicação que nosso voto signifique estar apoiando ou defendendo alguma instituição”, respondeu, sem citar Bueno e a Delta.
“O acordão deixa tudo para terça. Até lá, muita água desta cachoeira pode rolar até o delta deste rio de cumplicidades”, afirmou o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), que estava presente na sessão como líder do partido na Câmara. “Sou líder do PTB e não participei de nenhum acordo. Tem acordo entre PT e PSDB. A única forma de não ridicularizar esta CPI é votando os requerimentos hoje”, disparou o deputado Sílvio Costa.
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Tchuchuca e tigrão
Apesar de os depoimentos não terem acontecido, o clima entre os parlamentares esquentou em um determinado momento. Mesmo com Wladimir Garcez não respondendo às perguntas, o relator da CPMI, Odair Cunha (PT-MG), resolveu questioná-lo. Boa parte das indagações se tratava da relação dele com o governador de Goiás, Marconi Perillo. No final, Odair Cunha fez menção ao governador Agnelo e ao seu ex-chefe de gabinete Cláudio Monteiro.
Parlamentares do PSDB reclamaram da postura de Odair Cunha. Para eles, ficou evidenciado um direcionamento do PT contra os tucanos. Parafraseando a letra do funk Tchuchuca, do Bonde do Tigrão, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) disse que o relator é uma “thuchuca quando trata do PT e um tigrão quando trata do PSDB”. Neste momento, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), saiu em defesa do colega de partido.
Para o petista paranaense, o tucano queria aparecer na televisão fazendo pronunciamentos deste tipo. Francischini se levantou e foi tirar satisfações com Rosinha. Os dois discutiram asperamente até que parlamentares chegaram para separá-los.
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