Há três dias em vigília no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, militantes que apoiam o ex-presidente Lula se aglomeram em frente aos portões do prédio para impedi-lo de deixar o local e, como ele mesmo anunciou mais cedo, apresentar-se à Superintendência da Polícia Federal no estado. O petista, que mais cedo fez um discurso de 55 minutos com forte ataques a “perseguidores” (o juiz Sérgio Moro, setores do Ministério Público, imprensa, também segundo o ex-presidente), tentou deixar o sindicato uma vez, mas teve que recuar diante da barreira humana.
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Lula está entrincheirado no sindicato, berço do PT em São Paulo, desde a noite da última quinta-feira (5), quando o juiz Sérgio Moro ordenou sua prisão como prazo especial em razão da “dignidade do cargo” que Lula exerceu. O prazo fixado por Moro já venceu há mais de 25 horas, e a militância mobilizada continua a impedir o início do cumprimento da pena de seu líder maior. Por lá já passaram parlamentares e dirigentes de diversos partidos da chamada esquerda brasileira – como PCdoB, Psol e, obviamente, PT –, alguns deles o tempo todo com Lula. Presidente do diretório estadual do PT, Luiz Marinho é um dos interlocutores frequentes de Lula.
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A confusão foi grande no final da tarde, quando Lula se preparava para deixar o local. No instante em que seu carro se aproximava de uma das saídas do prédio do sindicato, seguranças tentavam abrir o portão e, sem sucesso, iniciou-se um empurra-empurra, o que resultou no portão quebrado.
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Como críticas à imprensa e ao que classificam como “Justiça seletiva”, correligionários de Lula se revezam em manifestações no sindicato. “A foto que eles queriam, de Lula preso, eles não vão ter. A foto que vai rodar o mundo é Lula carregado nos braços do povo”, disse há pouco a presidente nacional do PT, senador Gleisi Hoffmann, em discurso à militância.
A preocupação das autoridades é em relação a um confronto entre a polícia e os manifestantes. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, disse há pouco que mobilizou as forças e determinou que um efetivo maior da Polícia Militar permaneça no local. “A Polícia Federal exerce atividade primária de acompanhar o presidente da República. Se ela precisar do nosso auxílio nós vamos apoiá-la neste sentido”, disse à Rádio Bandeirantes.
A Polícia Federal já montou todo o esquema de transporte de Lula para o aeroporto mais próximo e, em seguida, para a superintendência da corporação em Curitiba. Força Tática da PM, guarda municipal e equipes de trânsito estão mobilizadas em caráter especial. O grupo Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), tropa do Comando Geral da Polícia Militar de São Paulo, já chegou ao local. Além de policiais militares em rondas pelas cercanias do sindicato dos metalúrgicos, a própria PF já colocou viaturas nas ruas próximas, que foram rodeadas de manifestantes. Duas vans com agentes da PF estão posicionadas em frente ao prédio.
A tensão na iminência da prisão de Lula deu sinais de que poderia sair do controle ontem (sexta, 6), em mais de 50 pontos do país, quando grupos como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Frente Brasil Popular promoveram ações como interrupções de estradas com barricadas e pichações com palavras de ordem em defesa de Lula. A animosidade foi mantida neste sábado, quando grupos pró e contra Lula saíram às ruas e, em situações pontuais, deixaram autoridades policiais sob alerta. São diversos os registros de agressão, por parte de apoiadores do petista, a profissionais da imprensa.
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