A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira (11) a substituição da ministra Ana de Hollanda (Cultura) pela senadora Marta Suplicy (PT-SP). A decisão foi tomada depois de reunião da presidenta com a própria ministra, de acordo com informações da Secretaria de Comunicação Social do Planalto reproduzida em nota (íntegra abaixo). Dilma sacramentou o convite a Marta hoje, por telefone. A senadora vai tomar posse na próxima quinta-feira (13), às 11h.
Apesar de a presidenta ter registrado na nota os agradecimentos pelo “o empenho e os relevantes serviços prestados ao país” por Ana, que assumiu no início da gestão Dilma, em janeiro de 2011, durante todo o mandato a ministra recebeu crítica de diversos setores ligados à cultura. Sua substituição na reforma ministerial, aliás, era uma das apostas de analistas políticos em janeiro deste ano, quando Dilma promoveu uma reformulação mínima de ministros. Trata-se da 13ª troca de comando em ministério, oito das quais sob acusações de corrupção.
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A anúncio de uma senadora do PT de São Paulo para a vaga de Ana de Hollanda está longe de significar uma mera troca de comando. Entre as causas apontadas para a substituição está a carta enviada à ministra Miriam Belchior (Planejamento), em 27 de agosto, em que a agora ex-ministra reclama do que considera pequeno orçamento destinado à pasta da Cultura. Boa parte das verbas, queixava-se Ana, já chegava ao ministério comprometida com a folha de pagamento. O vazamento do conteúdo da missiva em tese irritou a presidenta Dilma, motivando a troca no comando daquele ministério.
Mas a decisão de Dilma também tem explicação eleitoral. Com a queda do PT nas pesquisas de intenção de voto para as eleições municipais de outubro, Dilma resolveu emprestar sua popularidade aos candidatos do PT, na tentativa de alavancar as campanhas petistas. Antes, Dilma estava disposta a entrar na campanha apenas no segundo turno, mas foi aconselhada a mudar de ideia. Com a entrada dos caciques petistas na corrida eleitoral, Dilma acalmaria os ânimos do PT e, em troca, receberia o apoio incondicional do partido em uma eventual tentativa de reeleição, em 2014. Nesse sentido, Marta, ex-prefeita de São Paulo e detentora de fiel eleitorado na capital paulista, representaria um agrado de peso ao PT no contexto político-partidário.
O vereador de São Paulo Antonio Carlos Rodrigues (PR) assume a cadeira no Senado, cuja vice-presidência era ocupada por Marta Suplicy, que atuará pela segunda vez no governo federal. Em 2007, ela assumiu o Ministério do Turismo durante o segundo mandato de Lula. Foi nesta gestão que a também sexóloga Marta, ao conceder uma entrevista, causou indignação popular ao afirmar que os passageiros deveriam “relaxar e gozar” diante da impossibilidade de o governo resolver o caos aéreo àquela época instalado.
Fidelidade petista
PublicidadeO convite a Marta foi feito no meio da tarde, quando a senadora ainda presidia a sessão não-deliberativa do Plenário do Senado. Em seguida estava previsto o início da sessão deliberativa para votar a MP 570/2012, integrante do Programa Brasil Carinhoso (leia mais). No entanto, por falta de quórum a sessão foi encerrada. Ao descer da Mesa, Marta afirmou que o convite foi “surpreendente”, mas que irá assumir o cargo e “mergulhar” no ministério para conhecê-lo melhor. Cerca de meia hora antes da confirmação do convite, Marta chegou a dizer, ao chegar ao Senado, que não comentaria o assunto por se tratar de “especulações da imprensa”. Questionada se é possível negar um convite da presidenta da República, Marta disse apenas que “não”.
“Sou vice-presidente do Senado e estou no exercício [do cargo], então o convite é surpreendente. Mas sou do governo e estou à disposição do governo. Se a presidenta acha que devo exercer essa função no ministério da Cultura, vou exercê-la como exerci todas as funções na vida. E o ministério da Cultura é uma pasta extremamente importante para a identidade brasileira e a cultura. É um enorme desafio e agora vou lá enfrentá-lo”, discursou Marta, que acalentava o desejo de assumir a pasta desde que foi convencida a desistir, pelo ex-presidente Lula, de retornar à Prefeitura de São Paulo.
A indicação acontece dois dias depois de Marta ter entrado na campanha de Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura de São Paulo. No entanto, a senadora negou que a proposta seja uma forma de compensá-la. “Não [tem relação] porque desde o começo, na campanha do Haddad, eu disse que quando fosse fazer a diferença eu entraria, como eu entrei. […] A gente faz as coisas que estão na frente da gente. Nesse momento tenho um convite para assumir um ministério. Estou muito honrada com o convite porque a identidade do Brasil é a cultura”, afirmou. Ela garantiu também que, mesmo assumindo o ministério, não haverá nenhuma mudança acerca da campanha de Haddad. “Vou continuar trabalhando conforme eu combinei com ele.”
Confira a íntegra da nota:
“Nota à imprensa
A presidenta da República, Dilma Rousseff, convidou a senadora Marta Suplicy para ocupar o Ministério da Cultura. Ela substituirá a artista e compositora Ana de Hollanda, a quem a presidenta agradeceu hoje o empenho e os relevantes serviços prestados ao país à frente da pasta desde janeiro de 2011.
Dilma Rousseff manifestou confiança de que Marta Suplicy, que vinha dando importante colaboração ao governo no Senado, dará prosseguimento às políticas públicas e aos projetos que estão transformando a área da Cultura nos últimos anos.
A posse será realizada na próxima quinta-feira 11h.
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República”