Segundo a Polícia Militar e as secretarias de segurança pública em todo o Brasil, 267 mil pessoas participam dos atos pró-governo. Já os organizadores das manifestações dizem que 1,2 milhão de apoiadores foram às ruas do país. Os números foram atualizados às 21h, segundo informações coletadas nas 55 cidades com mobilização.
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Em Brasília, de acordo com o mais recente boletim divulgado pela Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social, são cerca de seis mil pessoas que, antes concentradas em frente ao Museu da República no final da tarde, percorreram os quase dois quilômetros até o gramado do Congresso. Segundo os organizadores do ato, mais de dez mil pessoas participam das manifestações.
Um total de 1,7 mil policiais militares, 201 bombeiros, 46 agentes de trânsito e 15 policiais civis reforçaram a segurança na Esplanada. Não houve registro de tumulto no local.
A mais numerosa aglomeração foi registrada na Avenida Paulista, onde a polícia diz que 80 mil pessoas manifestaram apoio a Dilma e Lula. Já os organizadores contabilizaram 380 mil manifestantes. No local, o prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entidade que defende o fim do governo Dilma, ficou às escuras – nas manifestações pró-impeachment, ao contrário, o edifício chegou a estampar uma iluminação com a frase “Renúncia já!”.
Miami
Mais cedo, o ex-presidente Lua afirmou, em discurso na Avenida Paulista, que a oposição não aceitou o resultado das eleições. Por isso, na visão do cacique petista, parlamentares e líderes oposicionistas atuam para atrapalhar o governo.
“Eles, que se dizem pessoas estudadas, não aceitaram o resultado e faz um ano e três meses que estão atrapalhando Dilma a governar esse país. Eles vestem amarelo e verde pra dizer que são mais brasileiros do que nós”, discursou Lula, para quem a oposição brasileira é formada por pessoas “que gostariam de ir a Miami” para fazer compras. “Se a gente não conseguir convencer as pessoas a mudarem de ideia, a gente tem que convencer que a democracia é acatar a maioria do voto do povo brasileiro”, acrescentou.
“Golpe”
As demonstrações de apoio ao governo federal foram convocadas por partidos aliados e sindicatos, como forma de contraponto às manifestações a favor do impeachment e contra o governo que foram às ruas no último domingo (13). Na ocasião, centenas de milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra Dilma e Lula.
A reportagem do Congresso em Foco acompanhou os protestos em São Paulo e em Brasília. Na capital federal, entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) mobilizaram seus filiados para os atos. Participaram da manifestação políticos como a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) e o deputado distrital Chico Vigilante (PT-DF), além do ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho.
Kokay disse à reportagem que o golpe de 1964, que deu início a 21 anos de ditadura militar no Brasil, parece se repetir em 2016. “A democracia brasileira é sólida o suficiente para impedir este golpe. Nós, que superamos as botas e baionetas literais, não vamos permitir que as botas e baionetas metafóricas se imponham”, disse a deputada ao site, depois de discursar para a militância. “Não vai ter golpe.”Para Kokay, a imprensa se presta nos últimos dias ao mesmo papel que, em sua opinião, desempenhou na época dos anos de chumbo. “O que está em curso no país é m golpe. Se você vê as manchetes dos grandes jornais no dia 2 de abril de 1964, elas são muito semelhantes às manchetes deste março de 2016, no sentido de estimular o próprio golpe. E, para além disso, temos um setor do Judiciário que está impondo um estado policialesco”, acusou a petista, recorrendo ao poeta brasileiro Augusto dos Anjos (1884-1914) para descrever os oposicionistas.
“A mão que afaga a cabeça dos corruptos históricos do PSDB é a mão que apedreja quem ousa construir um país realmente democrático”, acrescentou Kokay, parodiando o poema “Versos íntimos”.
Paulo Pimenta também declarou à reportagem que vê semelhança entre os movimentos de impeachment e o golpe de 1964. Para Pimenta, “os cenários são semelhantes”, com a diferença de que, naquela época, setores das Forças Armadas se aliaram à grande imprensa, a setores do capital financeiro e à indústria de São Paulo – “que hoje, mais uma vez, estão envolvidos nessa tentativa de golpe jurídico-midiático”, disse o deputado, vice-líder do PT na Câmara.
“Hoje esse papel, que naquela época era das Forças Armadas, é da burocracia de Estado – especialmente da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal. Acredito que temos em curso uma tentativa de golpe que quer rasgar a Constituição, promover um impeachment sem crime de responsabilidade. Nós temos que resistir e evitar que o Brasil, mais uma vez, mergulhe em um cenário como esse”, reclamou o parlamentar gaúcho.