Convidado a prestar depoimento na CPI do Cachoeira, o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) enviou nesta segunda-feira (3) ofício à Secretaria de Comissões do Congresso comunicando a impossibilidade de comparecer à audiência, que estava prevista para ser iniciada às 10h15 desta terça-feira (4). Amigo confesso do contraventor Carlos Cachoeira, pivô das investigações em curso na CPI, Leréia apontou a importância “inadiável” de “compromissos pessoais anteriormente assumidos” para adiar sua participação. Mas tranquilizou os colegas de Parlamento: disse estar “à disposição” do colegiado a partir de 18 de setembro, cerca de 20 dias antes das eleições de outubro (primeiro turno no dia 7).
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Na condição de convidado, Leréia poderia simplesmente recusar comparecer ao colegiado, mas disse que responderia a todos os pedidos de esclarecimento por estar “tranquilo” em relação às suspeitas suscitadas a seu respeito. Ele é acusado de usar cartão de crédito de Cachoeira para compras diversas e de ter recebido dinheiro ilegal da organização criminosa capitaneada pelo contraventor – cujo esquema ilícito tem Goiás, base eleitoral de Leréia, como núcleo operacional e a empresa Delta como responsável por movimentações financeiras irregulares.
Depois das denúncias, substanciadas em investigações da Polícia Federal, Leréia passou a enfrentar processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara, e corre o risco de perder o mandato. O parlamentar tucano também é suspeito de ter alertado Cachoeira sobre a iminência de uma operação da Polícia Federal destinada a desbaratar a quadrilha. Leréia nega as acusações e diz que a relação com Cachoeira é apenas de amizade.
Ao contrário de Leréia, que pode apenas não ir ao colegiado, a CPI ouvirá o funcionário da Delta Construções André Teixeira, também suspeito de integrar a organização criminosa e convocado a depor na condição de investigado – no entanto, com autorização para permanecer em silêncio. As investigações da PF consideraram incompatíveis a evolução patrimonial e as movimentações financeiras de André com os rendimentos por ele declarados – o que leva à suspeita de que o funcionário era utilizado como laranja em esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas fantasmas.
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