“Os Correios são admirados pelo seu legado, pela sua qualidade reconhecida pelos brasileiros. É uma empresa querida dos brasileiros. Mas precisamos encontrar um caminho para sua difícil crise. Caso contrário, eu não vejo outra solução além da privatização. Se alguém encontrar uma outra solução, me avise, que eu estou à disposição”, vaticinou Kassab, negando que já esteja em curso no governo discussão sobre valor mínimo para eventual leilão da empresa.
Leia também
“Isso não foi discutido, porque não é nosso objetivo. Nem do presidente Temer, nem do Ministério [da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações]”, acrescentou, esquivando-se de perguntas de repórteres a respeito das medidas do Planalto diante da crise. “Eu prefiro não fazer ingerência direta.”
Ontem (quarta, 29), em entrevista ao telejornal Bom Dia Brasil (TV Globo), que veiculou longa reportagem sobre a crise na ECT, o próprio Guilherme Campos já havia considerado a hipótese de privatização. A declaração foi resultado de uma pergunta a Campos, deputado do PSD, sobre o fato de o comando dos Correios ter sido entregue, historicamente, a membros da base aliada do governo da vez – atualmente, por indicação do partido na gestão Michel Temer. Para Campos, que se disse “suspeito” para falar por ser ele mesmo uma indicação política, a alternativa a isso é mesmo a venda da empresa ao capital privado.
“O monopólio postal no passado era tudo, hoje é nada. E está para os Correios assim como o orelhão para as teles. A carta entre pessoas é cada vez mais rara. Quem se lembra da última vez que recebeu uma carta ou um cartão postal?”, disse Campos na audiência desta manhã, na CCT do Senado.
O deputado licenciado também voltou a falar sobre os custos do plano de saúde dos funcionários dos Correios. A questão deve ser judicializada nos próximos dias em razão da falta de capacidade da ECT, já formalmente assumida, em honrar os compromissos financeiros do benefício. “É impossível manter isso no orçamento da empresa, nos moldes que está hoje. A direção não quer acabar com o plano, mas é preciso mudar”, avisou.
Segundo informações divulgadas pelo próprio presidente dos Correios na CCT, o plano de saúde atualmente atende a todos os funcionários e seus dependentes, cônjuges e pais. Nesse cômputo, a estatal banca 93% dos custos, enquanto os trabalhadores assistidos arcam com 7% do total. A empresa fechou o ano de 2015, por exemplo, com prejuízo de R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 1,6 bilhão desse rombo justamente provocado pelo plano de saúde dos empregados dos Correios.