O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou na tarde desta terça-feira (14) que a reforma ministerial a ser executada até dezembro pelo governo Michel Temer, como anunciou o próprio governo, imporá mudanças a 17 das 28 pastas da atual gestão. Segundo o peemedebista, um dos principais articuladores do Planalto, a reforma será “ampla” de maneira a acomodar o chamado “centrão”, agremiação de bancadas que reúne mais de 200 deputados.
<< Ministro Bruno Araújo entrega carta de demissão a Temer e é o primeiro tucano a deixar o governo
PublicidadeLeia também
Publicidade<< Após saída de ministro, Temer vai lotear Cidades para acomodar Centrão
Em entrevista a repórteres no Senado (veia no vídeo abaixo), Jucá não adiantou quais ministérios podem sofrer alteração de comando. Na esteira da saída do deputado tucano Bruno Araújo (PE), que ontem (segunda, 13) encaminhou carta de demissão a Temer (veja a íntegra), o senador diz acreditar que a baixa no primeiro dos quatro ministérios do PSDB vai “acelerar” a reforma.
Publicidade“[A exoneração de Bruno Araújo] acelera, porque precipita uma discussão, tendo em vista que já há ministério vago. O presidente está avaliando, discutindo como vai fazer. É uma reforma ampla – são 17 ministérios que ficarão vagos, no prazo que o presidente determinar. Cabe ao presidente, agora, começar esse processo, e ele vai definir o ritmo das mudanças”, declarou Jucá.
Veja no vídeo:
O próprio Jucá já foi atingido por uma reforma na equipe ministerial – mas, no caso do senador, um dos recordistas de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), a mudança foi por imposição do noticiário desfavorável ao governo. Ele se afastou do Ministério do Planejamento em 23 de maio de 2016, depois da divulgação das gravações em que defende o fim do governo Dilma Rousseff e a construção de um “pacto” para “estancar a sangria” da Operação Lava Jato.
Para o senador peemedebista, um dos principais fiadores da política reformista de Temer – também enrolado na Lava Jato e alvo de três acusações no STF –, as alterações ma equipe ministerial são essenciais para viabilizar propostas como a reforma da Previdência, altamente impopular, às vésperas do ano eleitoral de 2018. “É muito importante que esse entendimento possa ser construído com os partidos políticos, com a Câmara dos Deputados, até para aprovar e agilizar a votação das matérias”, acrescentou Jucá, dizendo não acreditar em redução de ministérios.
Jucá se refere ao fato de que o centrão, formado por partidos como PP (45 deputados em exercício), PR (37), PSD (38) e PTB (16), exige mais espaço no governo por serem mais fieis do que o PSDB, ainda um dos principais partidos da base aliada, em votações de interesse de Temer. Essa disposição ganhou força depois que os tucanos votaram divididos na análise das duas denúncias contra o presidente – da primeira para a segunda votação, aliás, aumentou o número de deputados do partido favoráveis à continuidade das investigações contra o peemedebista, acusado de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça.
<< De novo líder do governo no Congresso, Jucá coleciona complicações na Justiça
<< “Janot teve que engolir a sangria”, diz Jucá em discurso contra afastamento de Aécio pelo STF
Revoada tucana
No contexto de redefinição da base aliada, Bruno Araújo deixa o governo Temer antes mesmo da data-limite informalmente estipulada para o fim da aliança, a partir de 9 de dezembro, quando o PSDB deve decidir em convenção nacional quem o comandará pelos próximos anos. Extremamente dividido entre o grupo do senador Aécio Neves (MG), que insiste na manutenção da aliança com o governo, e o do colega Tasso Jereissati (CE), que inclui nomes como Fernando Henrique Cardoso, o PSDB é a principal legenda de apoio à gestão peemedebista, além do PMDB, e pode provocar uma debandada ainda maior na base aliada, envolvendo partidos como o DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).
Na decisão que destituiu Tasso do comando interino do partido, Aécio, afastado justamente por ter sido denunciado na Lava Jato, acabou por provocar ainda mais animosidade entre os polos do PSDB, o que resultou em deputados revoltados a manifestar descontentamento no plenário da Câmara e nas redes sociais. O senador cearense tinha assumido o comando da sigla após Aécio se afastar do posto, em maio deste ano, depois da divulgação de áudios que integravam o acordo de delação dos donos da JBS. Aécio foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, dono da empresa.
<< Tasso Jereissati defende que Aécio renuncie à presidência do PSDB
<< Aécio deixou o PSDB “acéfalo” e amarrado a Temer, diz deputado tucano