O ESTADO DE S. PAULO
‘Núcleo duro’ de Dilma na Câmara encolhe em 2012, revela Basômetro. Corte de cargos e verbas reduziu apoio
Novo projeto do Estadão gera visualização da atuação dos deputados e dos partidos em 98 votações nominais ocorridas desde 2011.
A presidente Dilma Rousseff enfrentou seu primeiro ano no cargo com uma base fiel e coesa na Câmara: nada menos do que três quintos dos deputados tiveram uma taxa de fidelidade ao governo superior a 90% nas votações realizadas em 2011.
Esse “núcleo duro”, porém, teve forte encolhimento e agora reúne menos da metade dos deputados, segundo revela o Basômetro, ferramenta que permite mapear pela internet o comportamento de parlamentares e partidos nas votações nominais da Câmara realizadas desde o início da legislatura. O Basômetro (politica.estadao.com.br/estadaodados) é o primeiro trabalho do núcleo Estadão Dados.
Em seu primeiro ano, Dilma teve 306 deputados de 17 partidos a seu lado em pelo menos 90% das votações. Apenas 239 se mantiveram com essa taxa de fidelidade no acumulado de 2011 e 2012. Levando-se em conta somente os votos deste ano, o núcleo duro fica ainda menor: 118 parlamentares.
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Das 98 votações nominais nas quais o governo orientou sua base, a presidente perdeu apenas cinco, sendo três referentes ao Código Florestal. Mas o número de votos conquistados oscilou em momentos de crise. De maio a outubro de 2011, durante a chamada “faxina” nos ministérios, o governo teve o apoio de menos de três quartos dos deputados em cerca de metade das votações. Nos dois meses seguintes, o porcentual de votos pró-governo foi sempre superior a 75%.
Com 87% de posicionamentos contrários à orientação do Palácio do Planalto, o deputado Eli Correa (DEM-SP) disse ao Estado que “nada contra a corrente” ao tentar derrubar projetos de interesse de Dilma. “A gente tenta mobilizar os descontentes da base, mas é difícil.”
No outro extremo, José Guimarães (PT-CE) votou 93 vezes, todas com o governo. “Aprendi no sertão do Ceará que em política você tem de ter lado. Tenho fidelidade ao programa da presidente.” Também com taxa de governismo de 100%, a deputada Iracema Portella (PP-PI) considerou uma “coincidência” o fato de se posicionar sempre de acordo com a orientação do Planalto. “Voto de acordo com minha consciência.”
PMDB lidera dispersão da base aliada
O Basômetro mostra que o PMDB foi o principal responsável pelo encolhimento do “núcleo duro” da base do governo na Câmara dos Deputados desde o início de 2012.
Até o final do ano passado, havia 67 parlamentares do partido no grupo mais governista, aquele que vota segundo a orientação do Palácio do Planalto em 90% das vezes ou mais.
Levando-se em conta apenas as votações deste ano, o número de peemedebistas no núcleo duro diminuiu para apenas quatro.
Pesa muito neste resultado o comportamento do PMDB na discussão do Código Florestal. Nas duas votações sobre o assunto realizadas no mês passado, até parte da bancada do PSDB se alinhou aos governistas. Já o PMDB votou em bloco contra a orientação do Planalto e alinhado à bancada ruralista.
Votações nominais representam só 15% do total
Os votos individuais dos deputados só são registrados pela Câmara em votações nominais, nas quais o painel eletrônico exibe os resultados.
Desde o início de 2011, ocorreram 115 votações nominais, o que representa menos de 15% do total de votações realizadas no período.
Em todas as demais, chamadas de simbólicas, não é possível saber como os deputados votaram – mas a lógica indica que os interesses do governo prevaleçam.
Análise: Marcelo de Moraes
A crise no relacionamento da presidente Dilma Rousseff com sua base de apoio tem pesado decisivamente na redução da fidelidade de seus aliados na Câmara. O desgaste começou ainda no ano passado, quando Dilma deflagrou a faxina dentro de seu governo, dispensando ministros supostamente envolvidos com irregularidades cometidas em suas pastas.
Nesse processo, a maioria dos partidos aliados sofreu baixas. PMDB, PP, PC do B, PDT e PR viram colegas de legenda serem rifados pela presidente e não esconderam sua decepção.
O quadro de insatisfação tornou-se maior ainda com o endurecimento na liberação de recursos pagos por meio de emendas parlamentares.
Como Dilma cortou cargos e verbas, justamente os dois maiores pontos de interesse dos parlamentes, isso resultou na redução de seu apoio dentro do Congresso, como mostram os dados das votações na Câmara.
Estreia o Estadão Dados
O primeiro produto do núcleo multimídia para estatísticas é o Basômetro, que mede o comportamento da base de Dilma. Confira o Basômetro no estadão.com.br. Ferramenta mede taxa de governismo de deputados
O Basômetro (politica.estadao.com.br/estadaodados) é uma ferramenta que permite medir o apoio dos deputados ao governo e acompanhar sua posição nas votações da Câmara.
Cada parlamentar é representado por uma bolinha com a cor do seu partido. Quanto mais próxima a bolinha estiver do governo (no alto), maior é a taxa de governismo, ou seja, o número de votos pró-governo em relação ao total de votos no período.
O slider (botão deslizável) da taxa de governismo, à direita, pode ser arrastado para cima (mais governista) ou para baixo (mais oposicionista).
Lei de Acesso à Informação vai começar enfraquecida
A três dias da entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação, que regulamenta o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas, o governo ainda deve o decreto que detalha o funcionamento da legislação no Executivo. Segundo o Planalto, a regulamentação será publicada até quarta, mas o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, admite que não será possível esperar que “os serviços de prestação de informações estejam funcionando totalmente” nesse dia. Especialistas alertam que a demora na edição do decreto – seis meses já se passaram desde a sanção da lei – pode gerar confusão na implementação. A Lei de Acesso deixou indefinidas diversas especificidades, como, por exemplo, a necessidade de identificação do requerente da informação.
Brasil empacado: Obra da Delta pára e gera crise social
A crise da Delta, empreiteira envolvida no caso Cachoeira, parou obra no Rio São Francisco e gerou abalo social na região.
Atraso de projetos para a Copa é geral
Dados mostram que o avanço das obras da Copa exibido pelo País à Fifa é peça de ficção.
Serra diz que sua campanha influencia Dilma
O pré-candidato José Serra (PSDB) disse ao Estadão que o motivo de disputar a eleição é “impedir uma descontinuidade dramática” nos rumos de SP. Para ele, sua campanha presidencial influenciou Dilma.
É a conjuntura que faz juro cair, diz Tombini
Justiça do DF bloqueia bens de Cachoeira
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O GLOBO
Negros só ganham mais em 4% das profissões
A renda média dos brasileiros que se autodeclararam pretos ou pardos ao IBGE superou a de brancos na mesma profissão em apenas 16 das 438 ocupações listadas pelo Censo 2010, informam Antônio Gois e Alessandra Duarte. A desigualdade é verificada também entre homens e mulheres, com elas superando eles em somente 49 setores. Apesar dessas disparidades, o Censo registra também avanços. Um levantamento feito pelo Laboratório de Estudos sobre Desigualdades Raciais da UFRJ revela que foram as mulheres negras as que obtiveram maior avanço na renda e escolaridade média na década passada.
Juizes têm o trabalho mais bem remunerado
Maioria feminina até em mestrado e doutorado
Mães, adolescentes e alunas
No ano passado, 954 estudantes entre 12 e 17 anos matriculadas na rede estadual de ensino do Rio (2,7%) ficaram grávidas. Érika Cristina Rangel tem 18, cursa o terceiro ano e dará à luz em junho. Neste Dia das Mães, personifica a exceção a uma regra que aponta a gravidez precoce como uma das principais causas de evasão escolar, revela Mariana Filgueiras. O apoio da família, a ajuda do colégio e o sonho de um futuro melhor através do estudo são os pilares que sustentam essas alunas-mães.
Miro: retomar o dinheiro vai ser inédito
Na primeira semana da CPI do Cachoeira, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) diz que apontar culpados será útil, mas inédito será recuperar o dinheiro desviado. E que a imprensa não será alvo de caça às bruxas.
Delta: contratos para recolher lixo sob suspeita
Um outro serviço prestado pela Delta Construções está em xeque: desde 2007 investindo na coleta de lixo, com contratos que variam de R$ 7 milhões a R$ 100 milhões anuais, a empreiteira é alvo de investigações de órgãos de controle. A crise na empresa, deflagrada com o envolvimento na operação Monte Carlo, coloca em risco o atendimento à população, já que há casos, como no Distrito Federal, em que os serviços chegaram a parar. Há situações de documentos falsos, questionamento de obras por TCEs e prefeituras e investigações do Ministério Público sobre a ausência de licitações e a falta de qualidade dos serviços.
Em Nova Iguaçu, no Rio, foi aberto inquérito para investigar o contrato firmado entre a prefeita Sheila Gama (PDT) e a Delta. A empresa foi contratada por Sheila, sem licitação, em abril do ano passado, por R$ 21,4 milhões por 180 dias. À época, a prefeita divulgou um edital de concorrência pública, mas o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) suspendeu o processo. O órgão, que tem como um dos conselheiros o marido de Sheila, Aluisio Gama, alegou ser preciso fazer adequações no edital, de R$ 85,6 milhões.
Empresa é investigada por fraudar documentos
O mais recente inquérito civil para investigar contratos da Delta Construções com prefeituras na área de limpeza urbana foi instaurado na sexta-feira passada, em Piracicaba, interior paulista. Segundo o Ministério Público, uma denúncia anônima levou o órgão a apurar supostas irregularidades na contratação da empreiteira. As suspeitas do MP envolvendo a Delta incluem também a cidade de Itanhaém, no litoral.
A Delta assinou em fevereiro do ano passado um contrato de R$ 13 milhões por ano com a prefeitura de Piracicaba para fazer a coleta de lixo, varrição de rua e lavagem dos locais de feiras livres. A contratação foi realizada por meio de leilão presencial. Participaram oito empresas e, segundo a prefeitura, a Delta foi a que ofereceu o menor preço.
Nesta semana, a promotoria pedirá à prefeitura todos os dados sobre contratos em andamento com a Delta. A prefeitura de Piracicaba não quis se pronunciar porque ainda não foi notificada.
Na antessala da conferência
O biólogo Mário Moscatelli num dos 21 sofás jogados na Lagoa da Tijuca, vizinha ao Riocentro, que sediará a Rio+20.
Atirador em helicóptero mata traficante
O traficante mais procurado do Rio, Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, foi morto na noite de sexta-feira por um atirador de elite a bordo de helicóptero, durante operação policial em Bangu.
Grécia entre a depressão e o extremismo
FOLHA DE S. PAULO
Queda de juros provoca embate entre BB e Caixa
A ofensiva da presidente Dilma ao usar os bancos públicos para pressionar os privados a baixar os juros no país gerou uma batalha dentro do próprio governo.
O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal passaram a trocar farpas e protagonizam uma disputa pelo posto de líder nos cortes.
O dia delas
— Empreendedoras transformam maternidade em ganha-pão.
— ‘Tenho esperança de que ele volte’, diz mãe de rapaz condenado à morte na Indonésia.
— Licença de 6 meses ainda é privilégio para poucas.
Painel: PF pediu tempo, diz procuradora sobre caso Demóstenes
Acusada de não ter investigado Demóstenes Torres em 2009, após receber informações da PF, a subprocuradora-geral da República Claudia Sampaio disse a Andréia Sadi que não tomou providência atendendo a pedido de um delegado federal. “[Ele] foi categórico ao pedir para esperar, para não atrapalhar as [demais] investigações [da PF].”
Sem novidade e com novidade
A CPI limitou-se a ouvir o que está nos relatórios que deveria ler. Mas à sua volta as coisas se complicam mais
Tudo o que foi dito pelos delegados federais Raul Marques de Souza e Matheus Rodrigues, como primeiros depoentes na CPI do Cachoeira, já estava à disposição dos congressistas nos relatórios e documentos legíveis na sala contígua à comissão.
Sem utilidade para a CPI, apesar disso os dois depoimentos foram a única atividade objetiva da comissão no decorrer da semana. A utilidade foi para os meios de comunicação, embora esperassem mais, e para os contrários ao inquérito.
Nem as intenções de vingança, aproveitando a CPI, andaram bem. A acusação dos dois delegados, sempre repetindo seus relatórios, ao procurador-geral da República, desdobrou-se em pequeno bate-boca iniciado pelo próprio Roberto Gurgel. Futuro acusador no julgamento do mensalão, o procurador-geral atribuiu a acusação e o desejo do PT de convocá-lo ao “medo dos mensaleiros”. Ou seja, ao propósito de intimidá-lo, ou algo por aí.
Os mil casos de Kakay
O advogado das estrelas cadentes e ascendentes fez implante capilar, cultiva barba em homenagem a líder comunista e ganhou fama por livrar políticos
Personagens de alguns dos mais barulhentos casos das últimas semanas, a atriz Carolina Dieckmann, o senador Demóstenes Torres e o governador de Goiás, Marconi Perillo, exibem um mesmo cartão de advogado, o de Antônio Carlos de Almeida Castro.
A missão de Kakay, como é conhecido em Brasília, é anular as provas da Operação Monte Carlo, que traz indícios de envolvimento dos dois políticos com Carlinhos Cachoeira, e buscar a punição de quem vazou imagens íntimas da atriz na internet.
Kakay, 54, é um personagem da política nacional, de cabeleira vultosa, fruto de dois implantes capilares. Quem se mete em confusão na capital federal quase sempre o procura.
Milionário, tem fama de advogado caro, mas não revela a tabela de honorários. Há 20 anos usa um cavanhaque adotado em homenagem ao líder comunista Vladimir Lênin. Kakay esteve na capital da Rússia para uma das 13 cirurgias que fez após perder a visão de um olho, num acidente aos 23 anos.
Marcelo Gleiser
Fazer pesquisa ambiciosa é caro, mas vale a pena.
Órgãos correm para cumprir prazo de acesso a dados públicos
A três dias de entrar em vigor a lei que regula o acesso a informações públicas, sigilosas ou não, só 12 de 52 órgãos federais consultados pela Folha declararam que seus serviços de informação ao cidadão já estão em funcionamento. A partir de quarta-feira, eles terão prazos definidos para responder aos pedidos.
Chip veicular vai elevar custo dos licenciamentos
Até junho de 2014, todos os veículos serão obrigados a ter um chip de identificação, cujo custo será repassado ao proprietário, relata Felipe Nóbrega. O valor previsto pelo Denatran é de R$ 5, mas os fabricantes pedem R$ 18. A cobrança deve começar em 2013.
O mar vai invadir sua praia
Erosão ‘engole’ ao menos 120 praias no país.
CORREIO BRAZILIENSE
Manchete: Mamãe, Brasília agora é nossa…
Márcia celebra hoje, ao lado de Jéssica e Eduardo, o Dia das Mães. O primeiro em que as três gerações, nascidas no DF, podem finalmente se declarar maioria em sua própria cidade. Passados 52 anos, o número de brasilienses (53,8%) supera, pela primeira vez, o de migrantes.
Descartado o risco de vazamento radioativo no DF
Formosa vira um novo polo econômico
Corrupção: As “lavanderias” do esquema Cachoeira
Investigações da Polícia Federal indicam que o contraventor usava 59 empresas, de diversos ramos, para lavar dinheiro obtidos com negócios ilegais. A maior parte do lucro vinha das casas de bingo espalhadas por Goiás, com renda anual estimada em R$60 milhões. Gravações da PF mostram ainda que o bicheiro tentou emplacar o ex-deputado federal Inaldo Leitão na presidência do Denatran.
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