Em depoimento à Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (16/6), o empresário Joesley Batista reafirmou as acusações que constam do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Temer e seu ex-assessor especial e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Um dos donos do Grupo JBS, que financiou quase dois mil candidatos nas eleições de 2014, Joesley gravou Temer avalizando, segundo investigadores envolvidos na ação coordenada, o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha, preso na Operação Lava Jato, e reagindo com naturalidade diante da informação de que um procurador lhe repassava informações privilegiadas sobre o avanço das investigações do petrolão.
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De acordo com a defesa de Joesley, foi confirmada à PF “apenas a verdade dos fatos, ou seja, o que já foi dito e provado”. A declaração foi adiantada pelo Portal G1.
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Nos áudios, que passam por perícia da PF, a força-tarefa da Lava Jato diz que Temer recebeu Joesley secretamente, por volta das 23h do dia 7 de março. A conversa trata de outros assuntos sem relação com o exercício da Presidência da República, como dúvidas de Joesley em relação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e orientação, por parte de Temer, para que Rodrigo Rocha Loures seja procurado para resolver questões levantadas pelo empresário. Na consecução das investigações, coordenada pelo Ministério Público Federal (MPF), Loures foi flagrado correndo com uma mala de R$ 500 mil – segundo investigadores, a primeira de uma série de parcelas que, pagas por 20 anos, constituiriam uma espécie de aposentadoria para Temer e Loures.
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Na parte referente à alegada compra mensal do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba desde 19 de outubro, Temer profere a seguinte frase, como mostraram os áudios gravados por Joesley: “Tem que manter isso, viu?”.
O Planalto tem negado as acusações. Os advogados de Temer contestam a qualidade da gravação e diz que as declarações que serviram para a acusação do MPF estão fora do contexto. Nos próximos dias, é esperada a apresentação de uma denúncia formal do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reiterando o conjunto probatório do inquérito em curso no Supremo. Caso acatada pelo relator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, a demanda de Janot será encaminhada à Câmara, onde precisa de 342 votos (entre 513 possíveis) para virar ação penal. Neste caso, na condição de réu, Temer ficará afastado por até 180 dias. Caso o julgamento não seja concluído nesse prazo, o peemedebista poderia retornar ao mandato.
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