Segundo Cunha, ele se reuniu três vezes com ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner antes de aceitar o processo de impeachment de Dilma na Câmara. No terceiro encontro, que aconteceu no Palácio do Jaburu, de acordo o peemedebista, o então vice-presidente organizou o encontro, mas deixou Cunha e o petista a sós. “Jaques Wagner ofereceu não só os votos no Conselho de Ética, mas o controle total do presidente do Conselho”, relatou citando o deputado José Carlos Araújo (PP-BA), presidente do Conselho de Ética e baiano, como Jaques Wagner.
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O peemdebista contesta a versão da defesa de Dilma de que ele teria dado andamento ao impeachment por vingança, depois de o PT não tê-lo apoiado no Conselho de Ética. Segundo Cunha, o que aconteceu foi o inverso: ele que não aceitou apoio dos deputados do PT. De acordo com o peemdebista, Jaques “chegou ao ponto de oferecer que não iriam incluir nenhuma discussão sobre a presença da minha mulher e da minha filha, com a separação do inquérito no qual eu já estaria respondendo. Quem estava propondo era o governo, não era eu, além de soar como chantagem”.
Na semana passada, o parecer do relator do Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), favorável à cassação, foi aprovado por 11 votos a 9.
Defesa
Cunha disse estar “absolutamente convicto” de que não mentiu à CPI da Petrobras sobre as contas no exterior. Lembrou que foi ao colegiado por livre e espontânea vontade. Afirmou que sua defesa tem sido cerceada desde que foi afastado da Câmara e atacou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
“É absurdo”, disse sobre o pedido de sua prisão protocolado pela PGR e ainda em análise no Supremo Tribunal Federal. “Qualquer estagiário do direito vai entender o ridículo da peça [que pede sua prisão]”,atacou. Para ele, as três justificativas de seu pedido de prisão: atos da mesa diretora, nomeações no governo Temer e entrevista dizendo que trabalharia normalmente na Câmara são “ridículos”.
Bastidores
O secretário geral do PMDB, Mauro Borges (MG), e o ex-ministro da saúde, Saraiva Felipe, acompanham pessoalmente a entrevista coletiva do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha. Borges ocupa o segundo cargo mais importante do partido e é responsável por todo o funcionamento da máquina do PMDB. Saraiva Felipe, que durante o governo Lula teve intimidade política com o ex-presidente, ouve atentamente cada palavra que Cunha fala na entrevista.
Derrotas
Réu na Lava Jato, afastado do mandato de deputado e da presidência desde maio por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha tem dito a aliados que não pretende renunciar ao mandato. Além da derrota no Conselho de Ética, o deputado afastado colecionou outros dissabores este mês. Um juiz do Paraná bloqueou os bens dele e de sua esposa, Cláudia Cruz. A jornalista também virou ré na Lava Jato. Seu nome apareceu em novas delações, o Banco Central o multou em R$ 1 milhão por manter conta não declarada no exterior. O casal virou alvo ainda de uma ação de improbidade administrativa na qual o Ministério Público cobra quase R$ 100 milhões dos dois.
Diferentemente do que fez com os pedidos de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do ex-presidente José Sarney (PMDB) e do senador Romero Jucá (PMDB-RR), o ministro Teori Zavascki, do STF, ainda não arquivou a petição feita pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, contra Cunha. O deputado diz que não há por que ser preso e nega a intenção de virar um delator da Lava Jato. “Quero deixar bem claro para todos que essas ilações são mentirosas, porque não cometi qualquer crime e não tenho o que delatar”, afirmou Cunha, em referência à contratação de advogados que defendem delatores para atuar em casos que envolvem a sua família.
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