Em protesto contra o aumento de até 25% no preço das passagens de ônibus e metrô no Distrito Federal, cerca de 250 pessoas foram até a Rodoviária do Plano Piloto nessa quarta-feira (4). O ato se manteve pacífico durante grande parte da manifestação. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, porém, um grupo que não fazia parte o movimento inicial se infiltrou e causou desordens. Seis pessoas foram detidas e cinco hospitalizadas (dois policiais militares). Os manifestantes pedem para que o governador Rodrigo Rollemberg reveja a decisão de aumentar as tarifas do transporte público. O estudante secundarista João Soares, morador do Gama, conta que a alta nos preços não condiz com a qualidade do serviço prestado. “O preço só sobe. O tempo de espera nas paradas também. Já a melhora no transporte nunca acontece”, afirma.
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O ato começou às 17h30. Por volta das 19h30, houve desentendimentos entre os próprios manifestantes, pois quem estava protestando de forma legítima percebeu a presença de indivíduos mascarados e com comportamento agressivo. A manifestação não teve bandeiras partidárias. Formado em sua maioria por estudantes, o grupo levantou cartazes contra o governo, o preço e a qualidade do transporte público na capital.
Em dois anos, o preço dos bilhetes subiu até 66%. O último aumento, aplicado pelo governo em forma de decreto nos últimos dias do ano passado, reajustou a tarifa em 17%, em média. As passagens dos ônibus circulares, que eram de R$ 1,50 no início do governo, hoje custam R$ 2,50. Já os bilhetes de metrô e para distâncias maiores e integração, que custavam R$ 3, foram para R$ 4,00, em setembro de 2015, e agora chegaram a R$ 5,00. Nas de ligação curta, o reajuste foi de 40%, desde o início da atual gestão: de R$ 2,50 para R$ 3,50.
O governo justifica que as tarifas ficaram congeladas por uma década e só foram ajustadas, nesse período, em 2015. Já o aumento aplicado neste ano, segundo o secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, “vem para garantir o nível de gratuidade no sistema, não interferir na parte social, e ajudar no reequilíbrio das contas do governo, pois o subsídio é muito além do que temos disponibilidade de pagar”. Nas contas do Executivo, em 2016 foram gastos R$ 600 milhões com subsídio ao transporte público.
Mais polícia que manifestante
O ato contou com cerca de 250 manifestantes. Ao todo, 300 profissionais de Segurança Pública foram mobilizados para acompanhar o protesto, que terminou com spray de pimenta e avanço da cavalaria da PM contra manifestantes. Veja o vídeo gravado pelo poeta Vinícius Borba, e divulgado em sua página no Facebook:
Das seis pessoas detidas, cinco foram encaminhadas ao Departamento de Polícia Especializada da Polícia Civil por danos a uma viatura e uma parada de ônibus. A outra foi para a 5ª Delegacia de Polícia por desacato e resistência.
Dois policiais militares ficaram feridos, sendo que um deles levou uma pedrada na mão, sem gravidade. O outro descolou o ombro e foi encaminhado ao Hospital de Base. Três pessoas que estavam próximas à manifestação foram levadas a hospitais. Uma levou uma pedrada e outra teve um mal-estar e seguiram para o Hospital de Base. A terceira desmaiou em razão do tumulto e foi para um hospital particular.