O ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) afirmou em sua defesa à Justiça Federal de Brasília que desconhece um depósito de US$ 832.975,98 em uma conta na qual é beneficiário na Suíça. Pelo câmbio atual, a quantia equivale a R$ 2,5 milhões. O ex-presidente da Câmara confirma que é formalmente beneficiário da conta na Suíça, mas alega que não a movimenta por motivos burocráticos.
Em sua defesa, Henrique Alves diz que abriu sua conta na Suíça após separação conturbada de sua segunda esposa, Priscila Jimenez, na noite de réveillon de 2009. O ex-deputado alega que a finalidade de “proteção contra a ganância de herdeiros” é assegurada pelos bancos suíços.
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“Enquanto sua vida pessoal passava pela tormenta que antecede quase toda separação, o Acusado [Henrique Eduardo Alves] foi aconselhado e passou a considerar a possibilidade de abrir conta no exterior para receber uma parte da receita que vinha auferindo após a reorganização societária da TV Cabugi”, diz a defesa.
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Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o dinheiro é fruto de propina paga pela empreiteira Carioca Engenharia para que fossem liberados recursos do Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal. A quantia seria usada para financiar obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.
“É importante ressaltar que a utilização indevida da citada conta bancária e os depósitos acima mencionados jamais foram de conhecimento do acusado”, diz a defesa. Constam ainda mais dois créditos nos valores de US$ 980 e US$ 10 mil. Ambos, segundo a defesa, foram feitos para arcar com pagamento de taxas bancárias e despesas operacionais.
De acordo com a defesa, “somente ao tomar conhecimento dos documentos que instruem a presente ação penal é que o acusado teve ciência de que, mais de um ano após a data em que teria assinado a procuração para abertura da mencionada conta, precisamente em 14 de setembro de 2009, foi realizado o depósito de sua abertura no valor de U$ 980,00”.
Henrique Alves foi um dos ministros que se equilibrou na corda-bamba do impeachment. Mesmo após a mudança de governo, ele se manteve à frente da pasta do Turismo. Logo após as denúncias da Operação Lava Jato, em junho de 2016, pediu demissão do cargo.