Após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciar que a leitura do relatório e a votação da reforma da Previdência ficará apenas para fevereiro de 2018, seis pessoas decidiram encerrar a greve de fome iniciada na Casa contra a pauta governista há cerca de dez dias. Desde o dia 5 de dezembro os manifestantes mantinham um jejum radical como reação às mudanças pretendidas pelo governo Michel Temer para a Previdência Social.
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Em 5 de dezembro, os primeiros a anunciar o jejum contra a emenda aglutinativa que será apresentada pelo relator da reforma, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), foram Leila, Josi e Frei Sergio Göergem, que integram o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Ex-deputado estadual do Rio Grande do Sul, Frei Sergio lidera o movimento e é frei franciscano da Ordem dos Frades Menores. Coube a ele anunciar o fim da greve na tarde desta quinta-feira (14), em entrevista concedida no Salão Verde da Câmara. Depois disso, o grupo seguiu para a sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para o desjejum.
PublicidadeAntes do encerramento da greve, a reportagem do Congresso em Foco tentou conversar com os manifestantes, mas não foi autorizada pelos acompanhantes. De acordo com Vani de Souza, responsável pela comunicação in loco do MPA, os jejuantes já estão “muito debilitados” e foram recomendados a falar o mínimo possível. Ela acompanhava os jejuantes desde sábado.
“É uma medida extrema, mas necessária contra essa reforma. É uma mentira que ela não vai afetar o trabalhador rural”, afirmou ela. O deputado Vicentinho (PT-SP) esteve com os manifestantes durante a manhã desta quinta-feira e afirmou que, apesar dos dias em jejum, os manifestantes ainda estavam firmes, e que a greve poderia ter acabado na última quarta-feira (13).
“Eles sofreram mais ainda por causa da crueldade, da insensibilidade desses comandantes do Congresso. Porque se ontem, com aquela fala do senador [Romero Jucá (PMDB-RR)] tivesse se confirmado, a greve teria acabado ontem”. Na quarta-feira (13), o líder do governo no Senado foi pivô de uma grande polêmica. Primeiro, ele anunciou que o governo havia feito um acordo para deixar a votação para fevereiro de 2018. Mas sua declaração foi contestada pelo Palácio do Planalto, pelos presidentes da Câmara e do Senado e por líderes governistas.
“Pequena vitória”
Na última segunda-feira (11), outras duas mulheres do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) tinham se juntado à greve de fome. De acordo com Guiomar de Souza, uma das acompanhantes das jejuantes, os representantes do MPA, MMC e do Movimento dos Atingidos por Barreiras (MAB) estavam se reunindo para decidir se encerrariam a greve ainda hoje. “Precisamos nos fortalecer para, em fevereiro, estar aqui de novo”, disse a baiana de 50 anos, que chegou a Brasília para acompanhar as colegas de movimento na última terça-feira (12).
Rosângela Piovizani, brasiliense de 55 anos, participava desde segunda da greve de fome. A reportagem do Congresso em Foco conversou rapidamente com a jejuante, que estava há quatro dias sem comer. Para ela, o adiamento anunciado por Maia representa um avanço inicial contra a reforma. “Em fevereiro retoma tudo. Já tivemos uma pequena vitória.”
Guiomar e Vani afirmaram que a Câmara disponibilizou atendimento médico desde o início da greve, e que todos foram atentamente acompanhados. Eles estão à base de água e soro. Os grevistas passavam o dia no Anexo II da Câmara, acomodados em colchões e colchonetes sob os olhares atentos dos acompanhantes, médicos da Câmara ou curiosos dos que transitam pela entrada do Anexo da Casa. No fim da noite, retornavam para “pontos de apoio” com deputados que cederam seus apartamentos para que os grevistas ficassem, entre eles os deputados Pedro Uczai (PT-SC) e Marcon (PT-RS).
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