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Paulo Pedrini, coordenador da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo e integrante da coordenação estadual do Grito dos Excluídos, lembrou que o ato já estava marcado para a Praça da Sé, mas ganhou um simbolismo especial com o fato da última sexta-feira. “O rapaz morava aqui na praça, era um morador de rua, e acabou dando a vida para salvar alguém que nem conhecia. Um excluído que dá uma lição dessa para a sociedade”, disse. O ato, que ocorre tradicionalmente no 7 de Setembro, é organizado por pastorais sociais, movimentos populares e centrais sindicais.
Padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral de Rua, chamou a atenção para a exploração midiática do fato. “É a espetacularização da tragédia humana. O que se viu foi transformar isso em um espetáculo com a busca pela audiência”, avaliou. O papel da mídia faz parte do tema do Grito dos Excluídos deste ano Que País é Este, Que Mata Gente, Que a Mídia Mente e Nos Consome. Lancellotti criticou a abordagem da mídia em identificar bandidos e heróis nesta história. “Os dois são vítimas do mesmo sistema”, destacou. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo não deu informações sobre o andamento das investigações.
O ato na Praça da Sé começou às 9h com uma missa. Durante a Homilia, Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, lembrou a situação de imigrantes e refugiados pelo mundo. “Temos que ter abertura para acolher aqueles que vivem situação de conflito que vêm em busca de paz”, declarou. Ele destacou que é preciso agir com solidariedade e trabalhar para que se estabeleça o diálogo e se supere o clima de guerra. A crise migratória e o papel dos brasileiros na recepção desses povos também são temas abordados nesta edição do Grito dos Excluídos, que completa 21 anos.
A irmã Margareth Silva, coordenadora do Centro Referência e Acolhida para Imigrantes, participa do ato os todos anos e reforça a necessidade de se construir um ambiente de solidariedade para acolhida de estrangeiros e para combater a xenofobia. “São pessoas excluídas do mundo, que já não tem uma pátria, paz, que são perseguidos religiosos, que não tem sequer uma língua, porque vão ter que adaptar a uma nova realidade”, disse. O centro é um equipamento da prefeitura de São Paulo, administrado Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras). Segundo Margareth, com um ano de funcionamento, pessoas de 35 nacionalidades passaram pelo centro – haitianos e sírios, na maioria.
Ana Caroline Garcia, da Rede Ecumênica de Juventude, participou do ato para reforçar a necessidade de política para os jovens e de ações de combate ao genocídio da juventude negra. “Faltam locais de lazer, educação de qualidade, políticas de participação”, afirmou. Em defesa da pauta dos trabalhadores, Edson Carneiro, conhecido como Índio, da Intersindical, destacou que as categorias precisam estar nas ruas, especialmente neste 7 de Setembro. “Na nossa opinião, não há independência política sem independência financeira. Vivemos em um país com muitas amarras com o sistema financeiro”, destacou.
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