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Greenwald e o seu companheiro, o brasileiro David Miranda, prestaram depoimento à comissão de inquérito do Senado nesta tarde. No depoimento, ele acresceu que documentos que ainda não foram analisados podem conter informações sobre os órgãos. O senador Pedro Taques (PDT-MT) questionou o jornalista sobre a possibilidade dele entregar todas as informações que detém para a comissão parlamentar, com a ressalva de que Greenwald teria acesso irrestrito a elas.
“São documentos onde há ao menos indício de crimes. E documentos onde há indício de crimes podem ser objeto de busca e apreensão. Então sugiro que ele deixe esses documentos sob a guarda do Senado, desta CPI, e possa ter acesso a eles para executar seu trabalho”, afirmou. No entanto, Greenwald rejeitou a proposta do senador e garantiu que não está segurando informações importantes. Segundo ele, governo e o jornalismo são e devem ficar separados.
“Estou ajudando os direitos humanos do Brasil, estou ajudando brasileiros. Estou publicando toda as informações com muito risco”, respondeu. Greenwald mora no Rio de Janeiro e é repórter do jornal britânico The Guardian. Ele tem publicado as informações em parceria com o jornal O Globo, a revista Época e o programa Fantástico. Segundo o norte-americano, tais parcerias ajudam a ter uma “imagem completa” sobre o que está acontecendo.
Asilo
David Miranda chegou a sugerir à CPI que se os senadores quisessem informações reais e detalhes sobre as ações norte-americanas, o Brasil deveria conceder asilo político a Snowden. “Snowden entende e conhece mais do que qualquer jornalista e quase todos os peritos. Ele trabalha com esse sistema há muitos anos e ele foi treinado para espionagem. Ele tem esses documentos há muito tempo e ele já checou o conteúdo deles. O problema está na situação perigosa dele de asilo na Rússia”, afirmou Greenwald em complementação ao namorado. Ele contou ainda, que conversa com o ex-técnico quase todos os dias.
PublicidadeO relator da CPI, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), concordou com o jornalista e lembrou que em julho a Comissão de Relações Exteriores (CRE), da qual é presidente, aprovou uma moção de apoio para que o Brasil concedesse asilo a Snowden. A CPI aprovou um requerimento para entrar que o Senado entre em contato com os advogados de Snowden para viabilizar uma teleconferência com ele.
Reação fraca
Durante a audiência, David Miranda reclamou da fraca reação do governo brasileiro quando ele foi detido em Londres. “Eu fiquei decepcionado com a resposta de imediato que a gente teve do Itamaraty, porque foi rápida, mas não foi suficiente. E até agora não vi nenhuma reposta concreta para que isso não se repita com outro brasileiro”, afirmou Miranda na comissão do Senado. Ele foi detido com base na lei do Ato Terrorista, de 2000, que permite a interceptação de pessoas, pesquisa e aplicação de interrogatório em aeroportos, portos e áreas de fronteira.
Para Miranda, ele foi preso por ser brasileiro. “Outros jornalistas estrangeiros viajaram com informações sobre o caso e ninguém os deteve. Durante o meu interrogatório eles perguntaram sobre as manifestações que estavam acontecendo e perguntaram se eu tinha relação com elas”, contou.
Na ocasião da detenção, o então ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, telefonou para o ministro de Relações Exteriores britânico, William Hague, para cobrar explicações. Em uma rápida conversa, o chanceler brasileiro manifestou a indignação do governo brasileiro com o episódio e disse que não se deveria subestimar o apego brasileiro pelos direitos civis e liberdades individuais.
O Itamaraty também se manifestou sobre a detenção do brasileiro por nota e classificou o ato como “injustificável”, avisando que o “governo brasileiro espera que incidentes como o registrado hoje com o cidadão brasileiro não se repitam”.
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