“A peça apresentada pela Procuradoria-Geral da República é uma peça muito adjetivada, é uma peça muito ruim, que força muito a mão para tentar justificar o pedido de denúncia, e que por mais que a gente tenha tentado falar sobre ela nós não conseguimos esclarecer, até porque não é o momento em que os juízes de fato se dedicam a fazer análise de provas a fazer análise aprofundada dos autos. Por isso que eu creio que essa oportunidade do tribunal fazer a avaliação detida e me dar o benefício da dúvida é uma oportunidade que eu vou ter e que eu não tive nas outras instâncias, nem na Polícia Federal e muito menos no Ministério Público”, disse Gleisi.
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A senadora argumentou que a denúncia não é baseada em provas concretas, mas sim em delações do doleiro Alberto Yousseff. “Eu não recebi esse dinheiro, eu não conheço esses personagens e nunca estive com Paulo Roberto Costa”, enfatizou a senadora.
Gleisi e Paulo Bernardo são acusados pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato por suspeita de receber R$ 1 milhão em quatro parcelas para a campanha da senadora em 2010. O valor teria sido repassado na forma de propina, a partir de esquema de fraudes em contratos de grandes empreiteiras com a Petrobras.
“Eu acho que o momento em que estamos vivendo no país também levou o Supremo a preferir, na dúvida, abrir o processo, a denúncia para investigar. Eu acho, como eu disse a vocês, que pelo menos eu vou ter a oportunidade de ter uma instância em que eu tenha o benefício da dúvida, o que eu não tive até agora”, concluiu Gleisi.
PublicidadeLeia a íntegra da nota divulgada pela senadora:
NOTA DA SENADORA GLEISI HOFFMANN SOBRE A DECISÃO DA 2ª TURMA DO STF
Embora nutra respeito pela Justiça de nosso País, é com profunda tristeza que recebo a decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar a denúncia formulada contra mim e meu marido pela Procuradoria Geral da República.
Em seu voto, o ministro relator Teori Zavascki concluiu dizendo que não dá para ter certeza de que os fatos ocorreram, mas que nesse momento basta uma dúvida razoável para aceitar a denúncia. Agora, pelo menos terei, no julgamento do STF, o benefício da dúvida. Estou ciente de que o Supremo Tribunal Federal, ao analisar com profundidade o que foi apresentado nos autos, saberá julgar com serenidade, imparcialidade e isenção esse processo. Tais requisitos faltaram em outras instâncias. Por isso, vejo a decisão desta terça-feira como uma nova oportunidade de provar, sem sombra de dúvidas, a nossa inocência.
Desde o início desse lamentável episódio, quando injustamente fomos indiciados pela Polícia Federal, insistimos à exaustão que não há uma única prova concreta que aponte o recebimento de recursos ilícitos para minha campanha ao Senado, em 2010.
Como o meu advogado Rodrigo Mudrovitsch voltou a enfatizar hoje da tribuna do STF, a denúncia da PGR se baseia unicamente em questionáveis delações do doleiro Alberto Yousseff, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do sócio do doleiro, Antonio Carlos Pieruccini. Em sua delação, essa pessoa disse que transportou a suposta propina para minha campanha, em dinheiro, de São Paulo para Curitiba, em quatro viagens. Ele afirmou ainda que entregou a quantia para o empresário Ernesto Kugler, que sempre negou o fato.
Se Pieruccini esteve realmente quatro vezes com o empresário, por que a Polícia Federal não obteve provas físicas desses encontros? A bem da verdade, a denúncia sequer aponta qualquer ato concreto cometido. Baseia-se apenas em especulações que não são compatíveis com o que se espera de uma acusação penal.
São inúmeras as contradições nos depoimentos dos delatores que embasam a denúncia, as quais tiram toda a credibilidade das supostas delações. Um deles apresentou, nada mais, nada menos, do que seis versões diferentes para esses fatos, o que comprova ainda mais que eles não existiram. Tenho certeza que a verdade prevalecerá.
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