O coordenador do programa econômico de Marina Silva (PSB), Eduardo Giannetti da Fonseca, afirmou que a candidata virou vítima de “preconceito saturado de rancor” depois que despontou como favorita a vencer a eleição presidencial. Em artigo publicado nesta sexta-feira (5) pela Folha de S. Paulo, o economista rebateu as críticas direcionadas à candidata de que seu eventual governo seria pautado por sua visão religiosa, o que deixaria em xeque a separação entre Estado e religião, prevista na Constituição brasileira.
Para Eduardo Giannetti, é difícil saber onde termina a ignorância e onde começa a má-fé. Na avaliação dele, os ataques dirigidos a Marina são produto de desinformação e “desespero eleitoral”. “Enquanto ela estava fora do páreo, prevalecia a indiferença condescendente. Agora que lidera as pesquisas, são todos especialistas em Marina: uma brigada de colunistas, blogueiros e franco atiradores sente-se autorizada a despejar na mídia e na cracolândia da internet uma pavorosa barragem de desinformação e preconceito saturado de rancor sobre a candidata”, escreveu.
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O economista, que também é filósofo, ressalta que é natural e salutar que a candidata que desponta nas pesquisas seja “alvo preferencial” dos concorrentes na campanha. “O que espanta, contudo, é ver pretensos guardiões da ciência e racionalidade embarcarem em grosseiras inverdades factuais”, acrescentou.
Giannetti destacou que Marina nunca defendeu o ensino de teorias religiosas sobre a criação do ser humano nas escolas. Segundo ele, o respeito da candidata pelo Estado laico é “irretocável”. “Ao contrário das lideranças petistas e tucanas, Dilma e Aécio à frente, que foram beijar a mão do bispo na inauguração do Templo de Salomão, ela sempre rejeitou qualquer ação visando instrumentalizar sua fé cristã com fins políticos”, criticou.
O assessor econômico diz que a candidata compreende perfeitamente que ciência e fé habitam “espaços conceituais distintos” e respondem a diferentes anseios humanos. “A fé cristã não implica o criacionismo, assim como o apreço pela ciência não implica o cientificismo”, escreveu.
Evangélica da Assembleia de Deus, Marina foi acusada por militantes de direitos humanos de ter cedido a lideranças religiosas ao excluir pontos de seu programa de governo que defendiam a causa LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). Ela negou, contudo, ter agido por pressão religiosa.
“Marina, você não merece a confiança do povo brasileiro! Você mentiu a todos nós e brincou com a esperança de milhões de pessoas”, criticou o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), ao atribuir a mudança de postura da candidata a “quatro tuites do pastor Malafaia”.
O candidato do PV à Presidência, Eduardo Jorge, também não poupou sua ex-companheirade PV e PT. “Bastou um influente pastor reclamar e ameaçar uma guerra santa e a campanha do PSB recuou em dois pontos essenciais: no reconhecimento do direito ao casamento para as pessoas que querem ver respeitada sua livre orientação sexual e na gravidade dos crimes de homofobia”, disse Eduardo Jorge em nota divulgada no sábado. “Será pra valer a promessa do PSB de adotar uma política laica se vencer a eleição?”, indagou.
Leia a íntegra do artigo de Eduardo Giannetti na Folha de S. Paulo
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