Com 68 votos favoráveis, o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) acaba de ser eleito presidente do Senado após uma sessão que durou cerca de 20 minutos. Candidato único à sucessão de Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou ao mandato após uma série de denúncias, Garibaldi comandará o Senado e o Congresso até fevereiro de 2009, quando haverá nova eleição para a Mesa Diretora. Foram registradas duas abstenções e oito votos contrários.
Natural de Natal, o novo presidente da Casa tem 60 anos, é jornalista e bacharel em Direito. Filiado ao PMDB desde o início de sua carreira política, está no segundo mandato de senador. Foi deputado estadual por quatro vezes (1971/1985), prefeito da capital potiguar (1986/1988) e duas vezes governador do Rio Grande do Norte (1995/2003).
É primo do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), deputado que está em seu décimo mandato consecutivo. A família Alves controla o principal grupo de comunicação do Rio Grande do Norte. Na campanha eleitoral de 2002, quando se elegeu para o atual mandato, Garibaldi declarou à Justiça eleitoral gastos de R$ 835,33 mil.
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Produção legislativa
Ao longo de seus dois mandatos, o senador apresentou um total de 58 proposições no Senado. Entre elas, 40 requerimentos, 14 projetos de lei, três projetos de resolução e uma proposta de emenda à Constituição (PEC). Desde 1965, ele apresenta o programa de rádio "Falando Francamente", que vai ao ar diariamente por uma rede de emissoras no Rio Grande do Norte.
Empossado, o potiguar terá como desafio conduzir a sessão em que será votada a proposta de emenda constitucional que prorroga a cobrança da CPMF até 2011. O governo ainda corre atrás dos 49 votos necessários para evitar a extinção do chamado imposto do cheque (leia mais).
PublicidadeCPI do Fim do Mundo
Entre 2005 e 2006, relatou a CPI dos Bingos, apelidada pelo governo de “CPI do Fim do Mundo” por causa da abrangência do seu leque de investigações. A abertura das frentes de apuração desgastou a relação do senador potiguar com o Palácio do Planalto.
Na época, o peemedebista foi acusado pelo governo de dar palanque para a oposição e ampliar a crise detonada pelo escândalo do mensalão. Um dos principais desdobramentos da CPI foi a queda do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
O relatório de Garibaldi pediu o indiciamento de Palocci e outras 78 pessoas, entre elas, o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso e o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto.
Criada para apurar o primeiro escândalo do governo Lula – a denúncia de que o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz havia cobrado propina de um empresário do ramo de jogos quando ocupava outro cargo –, a comissão investigou desde o assassinato de dois prefeitos do PT até denúncias de irregularidades na prefeitura de Ribeirão Preto.
Queda de Palocci
Em depoimento à comissão, em março de 2006, o caseiro Francenildo Costa contestou a declaração dada dias antes por Palocci ao colegiado de que não freqüentava uma mansão alugada em Brasília por lobistas para fechar negócios escusos e promover festas com prostitutas.
A casa, localizada em área nobre de Brasília, foi batizada pela oposição como “República de Ribeirão Preto”, por ter sido alugada por ex-assessores de Palocci na prefeitura do município paulista.
O episódio detonou outro escândalo quando o caseiro teve o seu sigilo bancário quebrado ilegalmente e divulgado pela revista Época. Suspeito de ter ordenado o vazamento da informação, Palocci acabou pedindo demissão do cargo no final de março de 2006. O ex-ministro voltou à cena política no final do ano, quando se elegeu deputado federal por São Paulo. (Edson Sardinha)
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