O procurador Deltan Dallagnol, que coordena a força-tarefa da Operação Lava Jato, classificou o fim do financiamento empresarial de campanhas políticas e a possibilidade da execução da condenação a partir do julgamento em segunda instância como as duas das mudanças mais importantes realizadas após o início da operação. O procurador demonstrou preocupação em “obstáculos” que impedem o avanço dos casos investigados no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com Dallagnol, o Supremo precisa instalar mecanismos para que os processos sejam feitos de forma eficiente ou adotar restrição ao foro privilegiado. Na Corte, os primeiros inquéritos contra políticos chegaram há pouco mais de dois anos, no dia 6 de março de 2015. Na época, foram autorizadas investigações contra 47 parlamentares. Nesse período, apenas cinco denúncias foram aceitas. Ainda não há condenações.
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Para procurador, a operação já produziu muitos frutos, consolidados. No entanto, ressaltou estar “preocupado com o futuro”. Ele ressalta que é preciso avançar para mostrar todos os crimes, sem que a operação seja erodida. “A Lava Jato precisa ir até o fim porque senão a mensagem que será passada à sociedade é a de que a corrupção e a violação das regras compensam”, disse.
As declarações foram realizadas nesta sexta-feira (17), dia em que a Operação Lava Jato completa três anos. Na ocasião, os procuradores que coordenam a força-tarefa da operação fizeram declarações sobre a operação à imprensa, na qual realizaram um balanço das ações. Em números, de 2014 até aqui, já foram 38 fases, com 756 buscas e apreensões. Nesse período, 260 pessoas foram acusadas criminalmente e 130 condenadas. Foram 10 acordos de leniência e 155 de delação premiada.
Dallagnol lembrou ainda que apenas no caso das delações da Odebrecht foram relatados envolvimentos de casos de corrupção em 22 países. Apesar dos avanços, o procurador ressaltou “é preciso avançar para reformas políticas e de Justiça”, e que a sociedade e o Congresso são os responsáveis por isso atualmente. “A operação significa o rompimento da impunidade nos círculos de poder no Brasil, e mostra a corrupção enraizada, atingindo diversos órgãos públicos”.
Questionado sobre o fim da Lava Jato, Dallagnol disse que “o fim é quando forem exauridas as possibilidades de investigação sobre os crimes praticados”. De acordo com ele, é necessário que ocorram reformas para o fim dos incentivos à corrupção e para que a punição para quem cometa esse tipo de crime seja a regra, e não a exceção.
Também na coletiva, o procurador Paulo Roberto Galvão, integrante da força-tarefa da Lava-Jato, afirmou que a nova etapa da operação será ampliada para atos de corrupção praticados fora do governo e fora do Brasil – por empresas brasileiras atuando no exterior. Ele lembrou ainda que apenas R$ 45 milhões tinham sido recuperados antes da Lava Jato em todas as operações. Só na operação, foram repatriados R$ 756,9 milhões.
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