Às vésperas das eleições do próximo ano, o debate sobre campanhas eleitorais nas redes sociais norteia o cenário político. Reportagem do site BBC Brasil revela um exército de perfis falsos usado para influenciar eleitores. O esquema conta, inclusive, com empresas especializadas, que contratam funcionários para alimentar esses perfis e emitir opiniões com objetivo de manipular a opinião pública em temas diversos, de interesse do contratante.
De acordo com o texto da jornalista Juliana Gragnani, que apurou o tema ao longo de três meses, a estratégia de manipulação eleitoral e da opinião pública nas redes sociais seria similar à usada nas eleições americanas e já existe no Brasil desde 2012.
No período, a reportagem entrevistou quatro pessoas, supostos ex-funcionários de uma empresa, além de ter reunido “vasto material com o histórico da atividade online de mais de 100 supostos fakes e identificou 13 políticos que teriam se beneficiado da atividade”.
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Políticos como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Renan Calheiros (PMDB-AL), além do atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), são apontados como possíveis beneficiados pelos serviços. No entanto, de acordo com o texto, “não há evidências de que os políticos soubessem que perfis falsos estavam sendo usados”.
Como exemplo do acompanhamento realizado, que leva às evidências, o texto mostra, no caso de Aécio, que perfis falsos publicaram “mensagens elogiosas ao candidato durante debate com Dilma Rousseff (PT) na campanha de 2014: “Aécio é o mais bem preparado””. Já no caso do senador Renan Calheiros, a hashtag #MexeuComRenanMexeuComigo foi criada para defendê-lo durante protestos em 2013, quando pediam seu impeachment do cargo de presidente do Senado. A campanha foi apoiada por usuários como “Patrick Santino”, que usa a imagem de um ator grego no perfil.
Nessa quinta-feira (7), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriu I Seminário do Fórum Internet e Eleições, realizado pela Corte em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC) e o Comitê Gestor Internet (CGI), com debate sobre o uso dos chamados “fake news” e dos robôs contratados para espalhar informações por meio das redes sociais – prática já crescente no país.
De acordo com o texto, em 2012, conforme informações obtidas pelo site, “o empresário carioca Eduardo Trevisan, proprietário da Facemedia, registrada como Face Comunicação On Line Ltda, teria começado a mobilizar um exército de perfis falsos, contratando até 40 pessoas espalhadas pelo Brasil que administrariam as contas para, sobretudo, atuar em campanhas políticas”. À reportagem, Trevisan nega a prática.
O texto faz parte da série Democracia Ciborgue, em que a BBC Brasil divulgará sobre o “universo dos fakes mercenários, que teriam sido usados por pelo menos uma empresa, mas que podem ser apenas a ponta do iceberg de um fenômeno que não preocupa apenas o Brasil, mas também o mundo”.
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