Empresário casado com uma prima do senador José Serra, Gegório Marin Preciado é um dos denunciados pela força-tarefa da Operação Lava Jato envolvendo a compra da refinaria de Pasadena. No total, o Ministério Público Federal no Paraná denunciou onze pessoas por corrupção e lavagem de dinheiro.
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Além de Preciado, considerado “operador financeiro” pelo MPF, os procuradores acusaram criminalmente o ex-senador Delcídio Amaral (PT-MS), o ex-vice-presidente da empresa belga Astra Oil Alberto Feilhaber, os operadores financeiros Raul Davies, Jorge Davies e; os ex-funcionários da Petrobras Luis Carlos Moreira, Carlos Roberto Martins Barbosa, Cezar de Souza Tavares, Rafael Mauro Comino, Agosthilde Monaco de Carvalho e Aurélio Oliveira Telles. A Petrobras comprou a refinaria de Pasadena, nos EUA, em 2006 e teve prejuízos de US$ 659 milhões segundo a Controladoria Geral da União (CGU).
“Em 2005, Alberto Feilhaber, vice-presidente da Astra Oil à época, pactuou com o então gerente executivo da Diretoria Internacional Luis Moreira o pagamento de propina de US$ 15 milhões para que funcionários da Petrobras atuassem em favor dos interesses da empresam belga no processo de compra de 50% da refinaria de Pasadena pela Petrobras”, afirma o Ministério Público.
PublicidadeDelcídio recebeu pelo menos US$ 1 milhão da propina, “em razão de acordo que mantinha com os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Renato Duque, assim como por ter tido atuação fundamental na nomeação de Nestor Cerveró para a Diretoria Internacional da Petrobras”, conta o Ministério Público. “Foram feitas ao menos cinco entregas em espécie a uma pessoa indicada pelo ex-senador”, continua a nota da Procuradoria, divulgada na tarde desta segunda-feira (18). “O responsável pelas entregas foi o operador Fernando Soares, agindo a pedido de Nestor Cerveró e Renato Duque.”
Num parecer ao juiz da Lava Jato no Paraná, Sérgio Moro, o Ministério Público afirmou, ainda em 2015, que Preciado foi operador em esquema de distribuição de propinas na refinaria de Pasadena, nos EUA. Em depoimento aos investigadores do caso, o lobista Fernando “Baiano” Soares diz que, dos US$ 15 milhões que a Astra Oil distribuiu em propinas para fechar o negócio, o empresário ligado a Serra ficou com um valor na faixa de US$ 500 mil a US$ 700 mil. O Ministério Público disse que Preciado e outra pessoas “que tiveram participação no esquema também” e “se beneficiaram com parte dos valores”.
Contratos forjados
De acordo com o Ministério foi feito um “contrato fraudulento de consultoria firmado entre a Astra Oil e a empresa Iberbras Integración de Negocios Y Tecnologia, de propriedade do denunciado Gregório Marin Preciado, para concluir o pagamento da propina”. A Astra Oil transferiu, em 10 de outubro de 20016, US$ 15 milhões para a conta da Iberbras, no banco Caixa Bank, na Espanha, segundo documentos obtidos pelos investigadores. Os procuradores dizem que foi feita “distribuição dos valores entre os diversos beneficiários da propina, com o intuito de ocultar e dissimular a origem ilícita dos recursos, foram realizadas sucessivas e complexas operações de lavagem de dinheiro, com a utilização de diversas contas mantidas em nome de offshores em diferentes países”.
O MPF afirmou em 2015 que os contratos da Iberbras eram forjados como argumento para pedir buscas e apreensões realizadas na 20a fase da Lava Jato, apelidada “Corrosão”. A Iberbras a empresa está em nome de Cláudia Marin, filha de Preciado, e seu genro, Hiládio Ivo Marchetti. Mas Baiano diz que as tratativas foram feitas entre ele e Preciado.
O senador do PSDB morou na casa de Preciado durante um ano, quando voltou do exílio da ditadura militar. O empresário é casado com uma prima dele, participou de campanhas do PSDB em São Paulo e foi integrante Conselho de Administração do Banespa. Preciado ainda contribuiu financeiramente com campanhas de Serra nos anos 90, de acordo com o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr, segundo quem Preciado tinha uma empresa no mesmo prédio de uma consultoria do senador, a ACP Análise da Conjuntura Econômica e Perspectivas Ltda.
Um depósito do lobista para a Cláudia Marin já havia sido detectado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao denunciar o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por corrupção e lavagem no caso da contratação de sondas para a Petrobras. Nessa negociata, segundo o Ministério Público, as propinas foram pagas ao deputado por meio de repasses no exterior.
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