A cerimônia durou aproximadamente uma hora. Ao final, Temer passou pelos jornalistas que acompanhavam o evento e se limitou a comemorar a aprovação da nova meta fiscal do governo, aprovada nesta madrugada pelo Congresso. “Depois eu falo com vocês porque nós ficamos assistindo ontem até as 4h30, foi uma bela vitória”, declarou o presidente.
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Depois de 17h de sessão, o governo conseguiu sua primeira vitória no Congresso, a aprovação da revisão da meta fiscal que eleva a previsão de déficit nas contas públicas de R$ 96,7 bilhões para R$ 170,5 bilhões.
Enquanto Temer recebia as cartas credenciais dos embaixadores, do lado de fora do Palácio do Planalto, um protesto organizado pela Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf) reunia cerca de 100 pessoas. Cada delegação de embaixadores que descia a rampa do Palácio era recebida com gritos de “Fora, Temer”, “Olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma” e cartazes com a inscrição “Governo golpista”. A Fetraf é uma entidade filiada à CUT, contrária ao impeachment de Dilma.
Mudança de rito
A carta credencial é uma mensagem formal enviada por um chefe de Estado que reconhece a atuação diplomática do representante designado. O protocolo adotado por Temer para a cerimônia, a primeira do ano, foi diferente do governo Dilma. Realizada no Salão Oeste do Palácio do Planalto, cada embaixador, acompanhado por uma dupla de auxiliares, foi chamado um a um para se sentar junto ao presidente, o ministro de Relações Exteriores, José Serra, o secretário-geral de Relações Exteriores, embaixador Marcos Galvão, e o assessor especial para assuntos internacionais, embaixador Fred Araújo. Com a ajuda de intérpretes, Temer conversou por cerca de cinco minutos com cada um deles. No governo Dilma, a cerimônia era mais rápida. Os convidados não se sentavam e permaneciam em pé diante da presidente.
A legitimidade do governo Temer enfrenta questionamentos no cenário internacional, principalmente por parte dos países vizinhos da América Latina. El Salvador, Venezuela, Equador, Bolívia, Uruguai, Cuba, Nicarágua e Chile se manifestaram contrariamente ao impeachment da presidente Dilma. A União de Nações Sul-americanas (Unasul) também manifestou solidariedade à presidente afastada.
No último dia 13, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, chamou de volta o embaixador venezuelano no Brasil, Alberto Castellar. O gesto foi repetido no dia seguinte pelo presidente de El Salvador, Sánchez Cerén, que disse não reconhecer o governo do peemedebista e chamou embaixadora salvadorenha, Diana Vanegas, de volta ao país. O Itamaraty soltou uma nota criticando o posicionamento dos governos e defendeu a legalidade do processo de impeachment.
Mudança na política
O novo ministro de Relações Exteriores, senador licenciado José Serra, anunciou na semana passada as diretrizes para a política externa do Brasil. Segundo ela, o posicionamento do país não será pautado por interesses partidários. “A nossa política externa será regida pelos valores do Estado e da nação, não do governo e jamais de um partido”, declarou o tucano durante sua cerimônia de posse.
Serra afirmou que reforçará os acordo com a Argentina e pretende corrigir distorções no Mercosul. As relações de comércio com parceiros tradicionais da Europa, Ásia e Estados Unidos também serão fortalecidas, adiantou o novo ministro. Em entrevista publicada no jornal O Estado de S.Paulo no último domingo (22), Serra disse que nos governos do PT, a política externa era dependente de partidos e de aliados desses partidos no exterior – cenário que ele busca modificar.
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