Antes de dar o meu pitaco sobre como imagino ser a verdadeira reforma política, quero divagar sobre a atual situação de Temer, o ainda presidente deste país.
Num passado recente, nós saímos das mãos de nove dedos para entrar no mundo encantado de Dilma Rousseff, aquela que em certa vez “saudou a mandioca” e que disse haver a espécie “mulher sapiens”. Era grotesco ouvir uma presidente de um país improvisar seus discursos. Mas o que dizer de Temer, que depois de chamar russos de soviéticos, colocou o rei da Suécia para reinar na Noruega e agora, na reunião do G20, disse que seu governo está empenhado em “fazer voltar o desemprego”?
O advogado, escritor e, por acaso, presidente do Brasil não tem se destacado nos noticiários apenas pelas recentes gafes. Existe nele uma aparente ingenuidade – ou o total desespero pela situação melindrosa em que se encontra – ao tentar acobertar a realidade latente de um “fora Temer” velado, que perambula pelos corredores dos palácios de Brasília.
Um dos exemplos desta “ingenuidade” é o que disse a jornalistas sobre Rodrigo Maia, o presidente da Câmara: “ele me dá provas de lealdade o tempo todo”. Mas há quem diga que o destino do marido de Marcela já está traçado e que nele não há Palácio do Planalto por muito tempo.
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Os sinais são claros e variados: o próprio Rodrigo “leal” Maia, sucessor natural de Temer no caso de vacância do cargo, disse que seu partido será o último a “desembarcar do governo”. Portanto, desembarcará. Os segredos de liquidificador se alastram pelo Congresso e dão como certa a derrota do septuagenário no plenário. Dessa forma, Maia ficaria a uma canetada do Supremo Tribunal Federal (STF) para assumir a presidência do Brasil.
Temer se complicou, e se complicou muito a partir do momento em que o maior dos açougueiros gravou a tal conversa, como dizem, “nada republicana”, onde demonstrou ter ciência das propinas que eram pagas a partidários e aliados – e quem sabe até para ele próprio?
A viga sustentadora de Temer está ruindo a cada dia. Seus “homens fortes e leais” estão vendo o sol nascer quadrado. Geddel, o “carainho” – que prefiro não saber a origem do codinome – choroso, durante audiência de custódia demonstra a fragilidade de alguém que é influente na política há anos, até mesmo nos governos petistas.
Rocha Loures, o famigerado “homem da mala”, o assessor especial do presidente que, com sua corridinha marota arrastou uma mala com 500 mil reais para enfurná-la num táxi com destino até então desconhecido, escancarou de vez a podridão da direita brasileira, ainda que ambidestra, tanto quanto é também a esquerda vermelha.
– Pronto! Saio do tema Temer e entro na reforma política.
Sim, não há lado limpo na política brasileira.
Temer, Dilma, Lula, Aécio e tantos outros que estão no poder são a geração perdida de brasileiros, que escolhidos por outros brasileiros infernizam e desgraçam a vida desses mesmos brasileiros, com suas canetadas cheias de interesses escusos, corporativistas e que levaram um país como o nosso à septuagésima nona posição do IDH mundial.
Ainda assim, panelas amassadas da era Dilma se mantêm guardadas nos armários das cozinhas planejadas, as camisetas amarelas da Seleção aguardam o ano quem vem para saírem dos closets. Não para as eleições, mas para a Copa do Mundo de Futebol. Afinal, Temer ainda é o presidente, não é?
Que saia Temer, que entre o Rodrigo, que ele saia se preciso for, que o ano acabe, que o outro comece e que em outubro de 2018 o brasileiro coloque na ponta dos dedos a responsabilidade de dar seu voto a quem não é político, ou a quem ainda não faz parte da ciranda bandida que rouba a todos nós há décadas e séculos.
Que o brasileiro faça a reforma política, mas não essa cheia de vícios e segundas intenções que se debatem no Congresso Nacional. Eu falo da reforma política que consiste em reformar os políticos, em esquecer as velhas caras e votar em quem ainda não temos certeza de que é bandido, porque os de hoje nós já estamos sabendo quem são.
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