O Ministério Público Federal (MPF) anexou documentos na ação penal que investiga o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre o apartamento tríplex de Guarujá (SP), que contradizem declaração dada pelo petista. Os documentos indicam que o ex-presidente teve encontros com diretores da Petrobras quando ainda era presidente. Nas agendas, aparecem os nomes de Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada e Renato Duque, que foram diretores da estatal.
Em depoimento prestado ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, na última quarta-feira (10), Lula afirmou que um presidente da República “não tem reunião específica” com diretor da Petrobras e pontuou duas exceções durante seu governo.
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De acordo com ele, houveram apenas dois encontros com os executivos, nos quais o assunto era o pré-sal. “Nos oito anos que eu fiquei na Presidência da República, a gente não tem reunião com a diretoria da Petrobras. Eu, em oito anos, tive dois momentos: quando nós descobrimos o pré-sal para discutir o plano estratégico e para decidir, sabe, que a gente não ia fazer leilão do pré-sal. Era até em uma viagem que eu ia para a Argentina”, disse Lula em seu depoimento.
Em nota, a defesa de Lula afirmou que “não há paridade” entre defesa e acusação no acesso aos documentos do processo (leia a íntegra da nota abaixo).
As agendas apresentadas pelo MPF foram entregues pela Petrobras, que é assistente da acusação no processo que está chegando à sua fase final. Nos documentos, há registros de 23 reuniões e viagens do então presidente com ex-diretores da Petrobras. Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Jorge Zelada, além de Graça Foster, Guilherme Estrella e a então ministra Dilma Rousseff são alguns dos nomes que aparecem nas agendas. De acordo com o Ministério Público Federal, foram realizadas melhorias no Triplex do Guarujá como forma de pagamento indireto de propina ao ex-presidente.
A defesa do ex-presidente da OAS, o empresário Léo Pinheiro, também anexou documentos ao processo que investiga se há ligação entre o ex-presidente Lula e um apartamento tríplex, no Guarujá (SP), pertencente à OAS Empreendimentos. Por meio de e-mails e documentos internos da empresa, além de registros de encontros com Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, e o ex-presidente Lula, o empresário pretende comprovar a realização de obra no apartamento em benefício do então presidente petista.
Alguns dos registros constam na agenda e mensagens encontradas nos celulares de Léo Pinheiro. Sobre os documentos de Léo Pinheiro, a defesa do presidente chamou os registros de “papel unilateral e sem origem”. “Os papéis – mesmo sem qualquer relevância para a ação – fazem parte da tentativa de Leo Pinheiro de agradar os procuradores em troca do destravamento de sua delação, para que ele possa obter benefícios”.
Leia a íntegra da nota da defesa do ex-presidente Lula
“Os papéis apresentados pelo MPF somente servem para provar que seus membros têm acesso irrestrito a documentos da Petrobras, ao contrário da defesa do ex-Presidente Lula. Não há paridade de armas na ação.
Por outro lado, esses papéis não provam nada contra Lula. As 73 testemunhas ouvidas na ação com a obrigação de dizer a verdade inocentaram o ex-Presidente ao mostrarem que ele não é e jamais foi proprietário do triplex e muito menos participou de qualquer ato ilícito envolvendo a Petrobras.
Cristiano Zanin Martins”
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