O plebiscito sobre o desmembramento do Pará transcorre sem registros policiais graves. Foi o que informou o procurador regional eleitoral Daniel César Azeredo Avelino, em entrevista concedida ao portal UOL Notícias por volta da 11h deste domingo (11). Informações das polícias Militar e Federal dão conta de que ninguém foi preso desde o início da votação, às 9h – mesmo na capital Belém, onde há a maior concentração demográfica e, consequentemente, a maior movimentação de eleitores. Mesmo diante das dificuldades de logística, e dos problemas decorrentes da extensão do território paranaense, o resultado do pleito deve ser divulgado até as 22h, segundo estimativas do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA).
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Em eleição “fora de época”, cerca de 4,6 milhões de eleitores do Pará decidirão se querem o desmembramento do estado em três, com a criação de Tapajós e Carajás; se preferem manter a estrutura da unidade federativa, rejeitando o plebiscito; ou se optam pela divisão do estado em dois, com apenas um dos dois entes sugeridos criados. Eles terão de responder a duas perguntas: “Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado do Tapajós?” e “Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado do Carajás?”. Para rejeitar a sugestão, digita-se 55; do contrário, escolhe-se os dígitos 77.
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A votação transcorrer com lei seca em vigor até as 17h (18h de Brasília),com o fechamento das urnas. Foram distribuídas 17.917 mil urnas eletrônicas por 14.281 seções eleitorais, em 144 municípios. Para assegurar a segurança dos votantes, milhares de homens da Polícia Militar estão mobilizados no estado, além dos agentes de tropas federais deslocados para 16 municípios considerados mais violentos, como Marabá, Altamira e Santarém. Ao todo, cerca de dez mil policiais estão a postos para impedir tumultos. As informações são da própria PM e do TRE-PA. O Ministério Público Eleitoral emprega a quase totalidade de sua no acompanhamento e fiscalização do pleito.
Vitória do não?
A grande maioria dos eleitores da capital Belém, com seus cerca de 2,1 milhões de habitantes distribuídos pela região metropolitana, é contra o desmembramento. Segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem (sexta, 9), a última sobre o pleito, 65% dos 1.213 eleitores ouvidos entre 6 e 8 de novembro não querem a criação de Carajás, enquanto 64% rejeitam Tapajós. Produzida em parceria com as TVs Liberal e Tapajós, o levantamento feito em 53 municípios do Pará mostra ainda aumento dessa rejeição, considerados os números anteriores mensurados em 24 de novembro (62% e 61%, respectivamente).
Caso a população decida pela criação da unidade federativa do Tapajós, ele terá 27 municípios das regiões do Baixo Amazonas e do Sudoeste Paraense e será o quarto maior estado brasileiro (59% das terras do Pará), superando Minas Gerais. Em seu território, morariam cerca de 1,2 milhão de pessoas, algo em torno de 20% da atual população do Pará. A capital deve ser a cidade de Santarém, que possui atualmente 276 mil habitantes. O texto que cria Tapajós foi aprovado na forma de substitutivo da Comissão de Amazônia e de Desenvolvimento Regional ao Projeto de Decreto Legislativo 731/00, do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).
Já o Estado do Carajás, com PIB maior do que Tapajós, englobaria 39 municípios localizados no sul e no sudeste paraense, que abrangem uma área de 284,7 mil km² (24% do território), onde vivem cerca de 1,6 milhão de pessoas. A maior cidade, e eventual capital, é Marabá. Por fim, restaria ao Pará original apenas 17% da área atual, mas a capital Belém seria mantida. E, com a maior densidade demográfica, o “estado-mãe” concentraria 4,8 milhões (de um total de 7,5 milhões) em 78 municípios, mais do que a soma daqueles localizados nas outras duas regiões.