A presidenta Dilma Rousseff deu posse neste sábado (16) a três novos ministros: na Agricultura entra o deputado Antonio Andrade (PMDB-MG) no lugar do também peemedebista Mendes Ribeiro (RS); na Secretaria de Aviação Civil entra o ex-governador do Rio de Janeiro Moreira Franco, que deixa a Secretaria de Assuntos Estratégicos para substituir Wagner Bittencourt, técnico do setor sem filiação partidária; e, no Ministério do Trabalho, o deputado Brizola Neto (PDT) dá lugar ao correligionário Manoel Dias, secretário-geral e um dos fundadores do PDT. O discurso de posse durou menos de meia hora, e não houve pronunciamentos nem dos ministros substituídos, nem dos empossados. A estes coube apenas a assinatura do termo de posse.
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Sem muito protocolo, Dilma adiantou a cerimônia para este fim de semana porque embarca 1h da manhã deste domingo (17) para Roma, onde participará, na próxima terça-feira (19), da missa inaugural do pontificado do Papa Francisco, escolhido em conclave encerrado na última quarta-feira (13). Bem-humorada e chamando dois dos ministros pelo apelido – “Maneca” (Manoel Dias – “Fizemos uma conta, o conheço a mais de 30 anos”) e “Toninho” (Antonio Andrade) –, a presidenta reservou no discurso atenção especial à pasta do Trabalho. Nessa minirreforma ministerial, o Planalto faz um movimento de reaproximação com PDT, insatisfeito com o governo desde a exoneração, em 2011, do então ministro Carlos Lupi, presidente nacional do partido. Na menção a Manoel Dias, disse que ele “sempre mostrou decisivo comprometimento com as questões nacionais do país, sobretudo com os direitos dos trabalhadores”.
“São grandes esses desafios que nós todos vamos enfrentar juntos, agora. Nós só podemos vencê-los juntos. Nenhum ministro é uma entidade isolada no governo. Eu desejo a todos os ministros que entram, portanto, muito sucesso. E faço um convite a todos eles: um convite ao trabalho, sempre um convite ao trabalho. Tenho certeza de que os brasileiros e brasileiras esperam muito de nós”, disse Dilma, depois de elogios aos ministros que deixam suas funções, em tom intimista e marcado pela descontração. “Quero que o Moreira [Franco] não pense que era feliz e não sabia”, brincou a presidenta, lembrando o desafio que agora aguarda o ex-governador fluminense na Secretaria Nacional de Aviação Civil.
Falando sobre “o processo” iniciado com o governo Lula, Dilma deixou nas entrelinhas uma menção indireta ao que será o próximo ano, quando deve disputar a reeleição. “Estou na metade do governo. Precisamos levar adiante esse processo. Nós temos a responsabilidade e a obrigação de continuar transformando o sonho de um Brasil mais justo e mais desenvolvido. É essa nossa tarefa, nossa missão”, exortou a presidenta, novamente agradecendo pelo trabalho dos ministros que deixaram seus postos. “Tenho certeza de que vocês podem contar como governo, e o governo pode contar com vocês.”
Ao final do discurso, Dilma foi muito aplaudida e logo voltou as atenções ao vice-presidente da República, Michel Temer, e ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que estavam ao lado do agora ex-ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro. Ele tem mandato a cumprir na Câmara, mas deve se licenciar para cuidar da saúde – luta contra um câncer no cérebro.
Depois de falar com Temer e Henrique, Dilma voltou-se para o ex-ministro e o abraçou carinhosamente, em seguida acariciando seu rosto com as duas mãos. Devido ao tratamento, Moreira raspou o cabelo.
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Para ampliar a participação do PMDB na equipe ministerial – e, no contexto mais amplo, valorizar o passe do partido na aliança com o PT em plano nacional –, o vice-presidente da República, Michel Temer, principal líder da legenda, reuniu-se com Dilma nesta sexta-feira (15). Com esse mesmo propósito, no transcorrer da semana os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara também se movimentaram em conversas com a cúpula palaciana e peemedebistas ministeriáveis. A presidenta não confirmou novas trocas de posto, mas há sinais de que mudanças podem ser efetuadas na próxima semana.
Dilma promove mudança em ministérios
E a pressão vem de fora dos muros do Planalto. Dois dos mais rebeldes partidos da base aliada no Congresso, PR e PSD ainda esperam conquistar seus respectivos quinhões na Esplanada dos Ministérios. No caso do PR, reconquistar: depois da demissão, em 2011, do senador Alfredo Nascimento (AM), o partido quer continuar à frente do Ministério dos Transportes, onde não se sente representado pelo ex-secretário-executivo, Paulo Sérgio Passos, que é filiado à legenda e foi efetivado na função depois de um período de interinidade em meio à crise na pasta.
Tanto o PR quanto o PSD, recentemente alinhado ao governo Dilma, podem vir a ocupar o Ministério do Desenvolvimento Econômico, hoje ocupado por Fernando Pimentel. Como Lupi e Alfredo Nascimento, ele também foi alvo de denúncias de corrupção, mas Dilma o blindou e o manteve em suas funções. Por enquanto, a situação de Pimentel não muda.
Decretada a vacância na pasta de Assuntos Estratégicos, Dilma a ofereceu a Mendes Ribeiro, que recusou a oportunidade. Cabe agora ao PMDB indicar um de seus nomes de confiança. Lideranças da sigla ainda não decidiram quem vai substituir o interino no ministério, o secretário-executivo Roger Leal. Por sua vez, Wagner Bittencourt, que deixa a Secretaria de Aviação Civil, pode ocupar o posto de Beto Vasconcelos na secretaria executiva da Casa Civil — o advogado e ex-subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil vai se dedicar a um curso no exterior no meio do ano.
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