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Primeiro, Dilma e a cúpula do Planalto tentaram provocar o adiamento da sessão com o esvaziamento do Plenário do Congresso, por exemplo. Mas, diante dos indicativos do mercado, como a alta recorde do dólar e bolsas de valores em crescente instabilidade, o governo resolveu ir para o embate. E parece ter conseguido o apoio necessário.
Questionado sobre como sua bancada votaria na questão dos vetos, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), disse ao Congresso em Foco em plenário que encaminharia voto “favorável à manutenção”. À frente de 17 senadores (quase 25% da Casa), o senador diagnosticou ser pouco provável que os defensores da derrubada dos vetos prevaleçam. “A gente acha que não há condição de eles botarem os 41 votos”, acrescentou o peemedebista, referindo-se ao número regimental mínimo para a rejeição de vetos.
Como termômetro da preocupação com o mercado não só entre parlamentares, o próprio presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, reuniu-se com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e defendeu não só a manutenção dos vetos, mas também a rejeição ao aumento da carga tributária.
“Neste momento, o país não pode, de maneira alguma, aceitar qualquer tipo de aumento de despesas, porque estamos extremamente fragilizados e também mostramos para o presidente Renan que somos completamente contra aumento de impostos. Achamos que a sociedade já paga muitos impostos”, disse o dirigente.
A pressão parece ter funcionado mesmo em meio a setores da oposição. Líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) anunciou que vai liberar sua bancada para que os senadores tucanos votem como queiram. Mas não é o que pensa o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), para quem os vetos têm de ser derrubados.
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Com a disparada do dólar nos últimos dias, os interlocutores do governo federal recorreram, de maneira imediata, aos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), contra a derrubada das negativas presidenciais. Nesta terça-feira, o mercado financeiro teve mais um dia de turbulência e o dólar fechou acima de R$ 4 pela primeira vez desde a criação do real. O dólar comercial subiu R$ 0,073 (1,83%) e atingiu o valor de R$ 4,054, para venda. O recorde anterior correspondia a 10 de outubro de 2002, quando a cotação tinha fechado em R$ 3,99.
“Ela [Dilma] me ligou e pediu para que tentássemos empurrar para a outra semana”, confidenciou um líder da base aliada no Senado, com quem a presidenta se reuniu ontem (segunda, 21) e hoje. Ele reclamou ainda da postura da cúpula do Judiciário e dos sindicatos de servidores do Poder. “Eles fizeram o acordo entre eles e trouxeram a bronca para nós”, acrescentou o parlamentar, referindo-se aos percentuais de reajuste.
Durante o dia, tanto Renan quanto Cunha defenderam o adiamento da sessão do Congresso com receio de que o governo fosse derrotado. Mas, no transcorrer do dia, e com a sinalização de que o Planalto teria os votos necessários para manter os vetos, a estratégia mudou. Assim, entendeu o governo, manter-se a sessão do Congresso, mesmo que depois ela fosse esvaziada e inviabilizasse a votação, seria uma maneira de acalmar o mercado e frear a escalada da moeda norte-americana.
Embora com a boa notícia em relação ao apoio do PMDB, por exemplo, o Palácio do Planalto ainda teme a eventual derrubada desses vetos, com a consequência da anulação dos cortes pretendidos para o ajuste fiscal e do agravamento da crise econômica. Dois terços dos já mencionados R$ 127 bilhões advêm do reajuste de até 78% para servidores do Poder Judiciário e do fim da isenção de PIS/Cofins para a comercialização do óleo diesel. Por outro lado, os cortes anunciados pelo governo devem ficar em R$ 26 bilhões, no âmbito do orçamento encaminhado ao Congresso.
“O mais recomendável é adiar. Pretendo conversar com os líderes para que façamos isso com a maior responsabilidade”, disse Renan no início da tarde. Em seguida, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), disse que a própria presidente pediu para que os vetos fossem votados o mais rápido possível. “A leitura é que é preciso resolver isso logo para acalmar os mercado”, disse o deputado a jornalistas.
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