O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) usou o seu perfil no Twitter para desmentir a recente acusação feita por reportagem publicada no site da revista Carta Capital ontem (23). De acordo com a semanal, relatórios da Polícia Federal em Goiânia revelam que o senador tinha direito a 30% da arrecadação geral do esquema de jogo clandestino operado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira em Goiás e na periferia de Brasília.
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“Não faço parte nem compactuo com qualquer esquema ilícito, não integro organização ilegal nem componho algo do gênero. Desminto essas inverdades em respeito a minha família, aos meus amigos, às minhas colegas e meus colegas senadores, a Goiás e ao Brasil”, afirmou o demista. As acusações contra Demóstenes começaram após a prisão de Cachoeira e outras 80 pessoas durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
De acordo com Demóstenes, a verdade vai prevalecer no fim. Ao se referir à reportagem de Carta Capital, ele disse que os “informantes da revista” estão enganados. “As injúrias, as calúnias e as difamações minam a resistência até de quem nada teme, mas permaneço firme na fé de que a verdade triunfará. A tudo suporto porque nada fiz para envergonhar meu partido, o Senado, Goiás e o Brasil. Essa é a verdade que, ao final, prevalecerá”, afirmou.
Desde a Operação Monte Carlo, Demóstenes passou de respeitado líder da oposição para alvo de denúncias de corrupção. Colegas do demista o procuraram para saber sua versão sobre as reportagens publicadas recentemente. Senadores do PT, PSB, PDT e PSOL pediram que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, requisite junto à Polícia Federal informações da Operação Monte Carlo, que desmontou um esquema ilícito comandado por Cachoeira.
Na Câmara, um pedido de CPI foi apresentado pelo deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP). O requerimento ainda precisa ser analisado pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Ele anunciou ter conseguido 208 assinaturas. Ao entregar o documento na Secretaria Geral da Mesa, o número fechou em 181, quatro a mais do que o necessário. O objeto da CPI, segundo Protógenes, é apurar espionagem política feita pelo bicheiro para tentar obter vantagens dos parlamentares.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, na edição de hoje, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, avalia se pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar Demóstenes Torres. O caso ficou parado por dois anos e meio. Ontem, a procuradoria informou que a apuração sobre os dados, remetidos em 2009 pela Justiça, ficou suspensa aguardando a conclusão de outra investigação em curso, mas, recentemente, os documentos foram anexados à Monte Carlo.
O inferno astral do demista começou no início do mês, quando reportagem da revista Época mostrou que Cachoeira mantinha relações estreitas com políticos do estado, dentre eles Demóstenes. Segundo a semanal, foram gravadas mais de 200 horas de conversas telefônicas, captadas com ordem judicial, entre Cachoeira e diversos políticos. Entre eles, está Demóstenes, procurador de Justiça antes de se tornar senador. Segundo a reportagem, o senador teria recebido ainda, uma cozinha completa como presente de casamento, dada por Cachoeira.
Logo após a reportagem de Época, o senador goiano usou a tribuna do Senado para se explicar. Em 6 de março, discursou aos colegas. Disse que não se defenderia pois não tinha cometido nenhuma irregularidade, mas reconheceu ter uma relação de amizade com o bicheiro. “Apesar do relacionamento de amizade, nunca tive negócios com Carlos Cachoeira. As ligações telefônicas apontam para conversas triviais, e que aumentaram quando eu e minha mulher interferimos num episódio envolvendo a mulher de Carlos Cachoeira”, afirmou.
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