Demitido pelo presidente Michel Temer do Ministério da Justiça, no fim de maio, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) faltou à sessão em que a Câmara rejeitou o pedido de investigação contra o seu ex-chefe. O Congresso em Foco tentou contato com o deputado, mas ele não atendeu a ligação. A ausência foi interpretada pelos colegas como um sinal de que o ex-ministro ainda guarda mágoa de Temer pela forma com que foi afastado.
Serraglio foi exonerado dias após a divulgação dos áudios e das delações premiadas de executivos do grupo JBS que comprometeram o presidente. Temer o afastou do cargo sem justificar o motivo. Nos bastidores, a informação é de que dois motivos foram determinantes para a saída dele do governo: a falta de controle do então ministro sobre a Polícia Federal e a necessidade do presidente de reforçar a pasta com um jurista com bom trânsito no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde a chapa Dilma/Temer estava sob julgamento.
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O peemedebista foi substituído por Torquato Jardim, então ministro da Transparência e Controladoria-Geral da República. Torquato é advogado e foi ministro do TSE e atuou por décadas na área eleitoral. Na ocasião, Temer propôs a Serraglio que assumisse a Controladoria, consumando uma troca de cadeiras.
Sentindo-se desprestigiado, ele preferiu votar à Câmara. O TSE arquivou a denúncia contra a chapa encabeçada pela petista e o peemedebista, afastando o risco da cassação do mandato do presidente. O retorno dele ao Congresso resultou na prisão do ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures (PR), que ocupava sua vaga na condição de suplente. Acusado de receber da JBS R$ 500 mil que, segundo a denúncia, seriam destinados ao presidente, Rocha Loures foi preso ao perder a prerrogativa de foro. Semanas depois, porém, ele deixou a cadeia. Desde então, está em prisão domiciliar, utilizando uma tornozeleira eletrônica.
Adversário local de Serraglio no Paraná, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) provocou o colega ao declarar voto a favor da continuidade das investigações contra Temer: “Quem se ausenta é covarde”. A ausência de Serraglio, no fim das contas, não fez qualquer diferença. A Câmara rejeitou, por ampla margem de votos, o pedido da Procuradoria-Geral da República para autorizar o Supremo Tribunal Federal a analisar denúncia por corrupção contra o presidente.
O voto de cada deputado até agora sobre o pedido de investigação contra Temer
Câmara ignora acusação e rejeita pedido para investigar Temer
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