No acordo de delação premiada que fechou com a Polícia Federal, o publicitário Marcos Valério detalha o esquema que abastecia o mensalão tucano. Condenado a 37 anos de prisão pelo mensalão do PT e preso desde 2013, ele cita os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula (PT) e os senadores peessedebistas Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) como beneficiários de esquemas.
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Aécio teria recebido propina de contrato de agência de Marcos Valério com o Banco do Brasil com aval de FHC. Já o ex-presidente tucano, Serra e Lula também tiveram campanhas beneficiadas com dinheiro de empréstimos fraudulentos, de acordo com o publicitário.
Segundo a reportagem do jornal Folha de S. Paulo, Valério ampliou a lista de acusados no acordo que firmou com a PF. Os 60 anexos que haviam sido recusados em outras tentativas de fechar delação com o Ministério Público de Minas Gerais e com a procuradoria-geral da República fazem parte do acordo, que ainda não foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda não se sabe, entretanto, quais episódios serão investigados pela PF.
De acordo com a delação de Marcos Valério, quase R$ 48 milhões (aproximadamente R$ 159 milhões em valores corrigidos) foram obtidos com empréstimos fraudulentos, especialmente com o Banco Rural, e pagos pelas empreiteiras ARG e Andrade Gutierrez. As campanhas dos tucanos FHC, em 1998, e de Aécio e Serra, em 2002, receberam dinheiro do esquema, que ainda teve repasse de R$ 1 milhão da Usiminas via caixa 2. A siderúrgica mineira também foi usada para fazer repasses à campanha de Lula, em 2002.
O senador José Serra, que disputou a presidência com Lula em 2002, atuou para resolver pendências do Banco Rural após perder a eleição. Foi recompensado com R$ 1 milhão de suas dívidas de campanha pagos pelo banco por meio da SMP&B.
Já FHC e Aécio são implicados em pagamentos de propina em contratos das agências do publicitário. Valério conta que, durante o governo de FHC, acertou repasse de 2% do faturamento do contrato da DNA Propaganda com o Banco do Brasil para Aécio Neves, que era deputado federal à época. A propina foi avalizada por FHC.
Mensalão mineiro
O esquema do mensalão mineiro, na campanha fracassada de Eduardo Azeredo para ser reeleito governador em 1998, foi revelado há dez anos, em 2007. Marcos Valério é réu na ação, mas ainda não foi julgado. Ele é acusado de ser o operador do esquema, usando suas agências de publicidade para lavar o dinheiro desviado.
No acordo que fechou com a PF, o publicitário detalha valores que recebeu de empresas e qual o destino do dinheiro. A campanha de Azeredo, diz Valério, recebeu aproximadamente R$ 10 milhões de pelo menos nove estatais (Cemig, Copasa, Furnas, Comig, Eletrobras, Petrobras, Correios, Banco do Brasil e Banco do Estado de Minas Gerais). As estatais e os desvios – que chegam aos R$ 33 milhões em valores atuais – constam em uma planilha assinada por Valério com data de 1999.
O ex-governador Azeredo foi condenado a 20 anos e dez meses de prisão, mas recorre da sentença em liberdade.
Leia a íntegra da reportagem do jornal Folha de S. Paulo
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