Um dos principais soldados da tropa-de-choque de Cunha, Carlos Marun (PMDB-MS) já o aconselhou a renunciar à Presidência da Casa na expectativa de reduzir a pressão dos próprios deputados pela cassação. A oferta de Cunha ao grupo mais próximo dos colegas é que seja mantido o seu mandato em troca da renúncia ao cargo. “Fui convidado para um encontro na segunda feira e estarei com Cunha para a conversa. Mas ele não me adiantou o tema”, disse Marun.
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Essa fórmula já tinha sido proposta a Cunha há quase um mês – antes, portanto, da aprovação do relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que o acusa de ter mentido à CPI da Petrobras sobre contas não declaradas no exterior. Cunha foi aconselhado por deputados amigos a se defender pessoalmente na sessão do Conselho de Ética que aprovou a cassação do seu mandato. Mas os advogados o desaconselharam sobre o gesto, para não parecer arrogância e piorar ainda mais a situação.
A renúncia ao cargo possibilitaria a realização de nova eleição para o posto, a ser convocada em cinco dias pelo presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA). O procedimento agradaria a uma fatia expressiva de deputados que querem a saída de Cunha da função, mas não se incomodariam em manter seu mandato. Mas esta solução seria uma saída viável apenas há um mês. Não se sabe se agora, após a aprovação do parecer pela cassação, se tal articulação teria efeito no plenário.
Plano B
Outra tentativa de Cunha para reduzir a tensão entre os deputados durante a votação do relatório que pede sua cassação seria retirar a consulta, feita à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a pedido do deputado Wellington Roberto (PR-PB), que pedia parecer sobre a proibição de apresentação, em plenário, de relatório alternativo ao aprovado no conselho de Ética com uma pena menor a Cunha. Mas a estratégia foi frustrada por iniciativa de Waldir Maranhão, até então um dos mais “fiéis” aliados do peemedebista, nas palavras dele mesmo.
PublicidadeA consulta à CCJ havia sido feita formalmente pelo próprio Waldir Maranhão, como manda o regimento, antes da decisão do Conselho que pede a cassação de Cunha, para impedir a apresentação de proposta alternativa em plenário com uma pena maior. Com a derrota confirmada depois da traição de Tia Eron (PRB-BA) e Wladimir Costa (SDD-PA) no colegiado, Cunha passou a se interessar pela possibilidade de escapar da perda de mandato com a sugestão de aplicação de uma pena menor e a manutenção do mandato.
Mas um ofício formalizando a exclusão da consulta foi assinado por Waldir Maranhão sem alarde, no início da tarde de ontem (quinta, 16). O deputado deixou Brasília rumo ao Maranhão sem dar publicidade à medida, tão logo a oficializou. O decisão de Maranhão, além de sinalizar uma abalo no grupo de apoio a Cunha, tem como pano de fundo a disputa pelo comando de uma CPI, em que prevaleceu a indicação do cacique peemedebista.
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