O corpo da vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada a tiros na noite desta quarta-feira (14), segue em cortejo pelas ruas do Rio de Janeiro depois de receber homenagens de correligionários, familiares, amigos e populares na Câmara Municipal. Quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016, a parlamentar de primeiro mandato – bem como seu motorista, Anderson Pedro Gomes, que também foi morto no episódio –, recebeu a solidariedade de milhares de pessoas no local. Ela deixou órfã uma filha, Luyara Santos, de 19 anos.
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“Mataram a minha mãe e mais 46 mil eleitores! Nós seremos resistência porque você foi luta! Te amo”, escreveu Luyara no Facebook, referindo-se aos 46.502 votos que a mãe recebeu em outubro de 2016.
O velório de Marielle e Anderson foi realizado no salão nobre Câmara Municipal do Rio. Em meio a muita comoção e protestos, consumiu aproximadamente uma hora e meia. Na multidão que foi ao local, a cor predominante era preto, no símbolo tradicional do luto, e roxo, em menor quantidade, que conota a luta feminista. Cartazes e bandeiras faziam perguntas e afirmações que se impõem: “Quem matou Marielle?”; “Marielles seremos milhões”; “Marielle, presente! Anderson, presente!”.
Um dos líderes do Psol na Câmara, Chico Alencar (RJ) declarou que a morte da colega não só fere a democracia, como também os direitos humanos, a juventude e as mulheres. Segundo a Agência Brasil, Chico disse esperar que as autoridades apurem solucione o crime e identifique os responsáveis pelo duplo homicídio.
Publicidade“Temos um mês de intervenção e um crime bárbaro desses, num local visível, cheio de unidades do poder público por ali, numa rua larga, iluminada. É insegurança total. Esses grupos mafiosos, grupos de extermínio, parece que quiseram dar uma demonstração de força”, avaliou o parlamentar, membro da Comissão Externa da Intervenção Federal no Rio de Janeiro, colegiado criado na Câmara para acompanhar as ações militares.
Segundo informações preliminares, investigadores envolvidos no caso têm a tese de execução como primeira hipótese – a exemplo do deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), de quem foi assessora parlamentar, Marielle denunciava casos de corrupção policial e, como o correligionário, atuava no combate à ação criminosa de milícias e facções do crime organizado no Rio de Janeiro.
A Polícia Militar acredita que os bandidos seguiram por quatro quilômetros o carro onde Marielle e Anderson estavam quando foram baleados. Uma assessora da vereadora foi atingida por estilhaços e prestou depoimento durante boa parte desta madrugada. No local – bairro do Estácio, centro do Rio – foram encontradas nove cápsulas de bala.
Nos últimos dias de sua vida, Marielle, que era contra a intervenção federal decretada por Michel Temer na segurança pública do Rio, vinha questionando ações da PM no estado. Em uma postagem no Twitter na última terça-feira (13), um dia antes de morrer, suas palavras resumiram a luta da parlamentar em meio à barbárie da sociedade fluminense. Ela comentava a morte de mais um jovem negro pela polícia.
“Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”
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