Em reunião na tarde desta terça-feira (30), a bancada do PMDB decidiu manter Renan Calheiros (PMDB-RR) na liderança do partido no Senado, mas condicionou suas posições sobre projetos de interesse do governo à uma definição prévia do colegiado. Para limitar os poderes do líder, a maioria da bancada decidiu votar uma moção de apoio à reforma na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criticada pelo líder. Esta aferição ocorrerá toda vez que Renan discordar do Palácio do Planalto. No caso das reformas nas relações do trabalho, segundo Renan será indicado um vice líder para encaminhar a votação a favor, como quer o governo.
“Se a maioria da bancada divergir do líder, indica-se alguém para encaminhar a votação”, explicou Renan.
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O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que a maioria da bancada também se posicionou pelo apoio incondicional ao governo Temer. Renan disse que esta posição não foi votada pela bancada. O Palácio do Planalto tinha articulado a destituição de Renan do cargo. Mas no final a fragilidade do governo impediu que, mesmo com maioria no colegiado do partido do presidente da República, a destituição fosse descartada. O recuo da bancada que desistiu de destituir Renan também significa que o partido não deverá fechar questão para obrigar seus parlamentares a votarem a favor das reformas trabalhista e da Previdência. O mecanismo de pressão chegou a sr planejado pela direção do partido e pelo Planalto.
Crítico contumaz das reformas trabalhista e da Previdência patrocinadas pelo governo Michel Temer no Congresso, Renan tem agido como oposicionista nos últimos meses – e, nesse sentido, representava uma ameaça aos planos da gestão Temer, à medida que, paralelamente, avançam as investigações sobre o suposto envolvimento do presidente e seus auxiliares em esquemas de corrupção. Quatro ex-assessores de Temer já deixaram o Palácio do Planalto, um deles já preso por suspeita de ter cometido crime.
Ao menos dois senadores confirmaram a permanência de Renan à frente da bancada – Raimundo Lira (PB), que presidiu a comissão do impeachment, e Hélio José (DF). Eles explicaram que não houve votação para decidir se Renan ficaria ou deixaria o comando do partido. A questão foi resolvida na conversa. A destituição chegou a ser considera como uma tendência irreversível, como este site mostrou em 12 de abril.
Ficou resolvido que Renan não mais encaminhará o voto da bancada em votações como a reforma trabalhista e a da Previdência. Para essas ocasiões, o próprio Renan indicará dois vice-líderes para a função. Os dois vice-líderes do PMDB no Senado são Kátia Abreu (TO), ex-ministra da Agricultura de Dilma Rousseff e também contrária às reformas de Temer, e Valdir Raupp (RO), aliado fiel do presidente da República. Nada impede, no entanto, que Kátia seja substituída por outro nome alinhado ao Planalto quando for o caso.
A orientação de bancada serve para marcar posição do partido em votações de plenário, embora defecções sejam recorrentes em votações polêmicas.