O líder cubano Fidel Castro morreu no início da madrugada deste sábado (26) em Havana, capital da ilha caribenha, aos 90 anos. A notícia foi anunciada em pronunciamento feito pelo irmão, Raúl Castro, que o substituiu em 19 de fevereiro de 2008, após quase meio século no poder, no comando de Cuba, um dos últimos bastiões socialistas em todo o mundo.
“Com profunda dor, compareço para informar ao nosso povo, aos amigos da nossa América e do mundo que hoje, 25 de novembro do 2016, às 22h29 [horário de Havana], faleceu o comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruiz”, declarou Raúl.
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Nascido em Birán a 13 de agosto de 1926, Fidel foi o principal líder da Revolução Cubana (1953-1959), primeiro-ministro de Cuba (1959-1976) e primeiro presidente do Conselho de Estado da República de Cuba (1976-2008). Até dois anos antes deixar o poder por motivos de saúde – sofria hemorragias constantes –, foi o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, na condição de maior opositor do capitalismo e do chamado “imperialismo” norte-americano. Entre outras curiosidades, como aparecer público com trajes esportivos de marcas-símbolo do capitalismo (Adidas, Nike etc), fazia discursos que chegavam facilmente a três, quatro horas, sem perder a atenção dos correligionários.
Jamais eleito por meio de eleições diretas, fato que lhe redeu a pecha de ditador, Fidel era acusado de não permitir a criação de partidos de oposição e cercear a liberdade de imprensa em território cubano – o jornal oficial Granma, por meio do qual ele veiculou nota ao renunciar à presidência do país, e as emissoras de TV e rádio estatais são os veículos de comunicação com autorização para funcionar no país caribenho. Por outro lado, era reverenciado por líderes de nações como China, Venezuela e Rússia, que por décadas lhe serviu de sustentáculo político, financeiro e ideológico desde os tempos pré-Guerra Fria – disputa pela hegemonia mundial travada pelas duas principais potências à época, Estados Unidos e a então União Soviética.
Mesmo depois de sua saída do poder, o regime cubano enfrenta críticas da comunidade internacional, entra outras razões, por violações aos direitos humanos e às liberdades civis básicas. Uma de suas principais opositoras é a blogueira cubana Yoani Sánchez, que em 2013 foi ao Congresso brasileiro e provocou tumulto entre simpatizantes e críticos do regime cubano, parlamentares inclusive.
Relembre:
Tumulto marca visita de Yoani Sánchez ao Congresso
Em abril de 2015, depois de 14 meses de reclusão, Fidel fez uma de suas últimas aparições em público. Rodeado de admiradores, ele se encontrou com um grupo de 33 venezuelanos em uma escola de Havana, em visita a uma escola a convite do Instituto Cubano de Amizade com os Povos (Icap).
De acordo com o jornal Granma, que também é gerido pelo Partido Comunista de Cuba, o encontro durou cerca de uma hora e meia. “É preciso trabalhar rapidamente, reunir muitas assinaturas destinadas ao presidente [Barack] Obama, de modo que a Venezuela deixe de ser considerada uma ameaça para a segurança dos Estados Unidos”, discursou Fidel aos visitantes.
Ouça o último discurs de Fidel, durante o 7º Congresso do Partido Comunista de Cuba:
Reabertura
Em 20 de julho de 2015, Fidel viu o irmão Raúl protagonizar, ao lado do presidente norte-americano Barack Obama, a histórica reaproximação entre Cuba e Estados Unidos. Como a imprensa de todo o mundo mostrou à época, foi o início de um longo processo de reaproximação que culminará com o fim de qualquer embargo norte-americano ao país caribenho, principalmente as sanções econômicas. Naquele ano, a Embaixada dos Estados Unidos em Cuba teve atividades reativadas no edifício onde funcionava até então a Seção de Interesses Norte-americanos no país.
Em contrapartida, o governo cubano reabriu sua embaixada em Washington, depois de décadas de conflitos. Ao contrário de Cuba, que promoveu uma cerimônia formal de abertura do posto diplomático, os Estados Unidos não realizaram ato oficial.
A expectativa agora é quanto à postura do presidente eleito dos EUA Donald Trump, adepto da política de não acolhimento de imigrantes em solo norte-americano. Com base nos dados mais recentes, calcula-se em mais de dois milhões os cubanos que estão nos EUA.