Com o reajuste de 25% na virada do ano, o metrô do Distrito Federal passou a ter a tarifa mais cara do país. O preço subiu de R$ 4 para R$ 5 e ultrapassou o valor cobrado no Rio de Janeiro, onde o bilhete custa R$ 4,10 desde abril do ano passado. O terceiro lugar fica com a cidade de São Paulo, onde a passagem custa R$ 3,80.
Com a tarifa alta e poucas estações em funcionamento, o metrô de Brasília sofre com o baixo número de passageiros. Mesmo com capacidade para atender até 80 mil passageiros por hora, o sistema metroviário recebe 170 mil pessoas por dia. “A tarifa é calculada pela relação entre o tamanho da malha e a quantidade de passageiros, mas hoje, proporcionalmente, poucas pessoas usam esse tipo de transporte”, explicou ao Congresso em Foco o secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno.
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O secretário ressalta que o valor da tarifa do metrô na capital dá direito à integração com transportes de superfície, como ônibus. Desse modo, segundo ele, a capital ficaria com tarifa mais barata que Rio de Janeiro e São Paulo. Nas outras cidades, porém, há preços diferentes para quem usa o transporte integrado. No DF, a tarifa é única: o mesmo valor é cobrado do passageiro que não utiliza ônibus.
O reajuste no preço das passagens foi anunciado no final do ano passado e entrou em vigor nos primeiros dias de 2017. O governo justifica que o excesso de gratuidades (R$ 600 milhões em 2016, entre ônibus e metrô) onera o sistema e obriga os passageiros comuns a bancarem o alto custo do transporte. A população, insatisfeita com o decreto do governador Rodrigo Rollemberg, protestou. O foco atual do governo é entregar mais três estações de metrô na Asa Sul – bairro central de Brasília – para aumentar o fluxo de passageiros e tentar diminuir o preço da viagem.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), apenas 4,9% dos brasilienses são usuários do metrô. Enquanto em São Paulo esse número chega a 29,2%. No Rio de Janeiro, esse percentual é de 12,2%, e em Belo Horizonte, de 8%. O sistema metroviário do Distrito Federal, com duas linhas – parcialmente coincidentes –, conta atualmente com 42,38 km e 24 estações em funcionamento.
Segundo a CNT, para atender a demanda populacional, o metrô da capital do país precisaria de mais 15 quilômetros de linha. Atualmente, a maior malha metroviária do país é a de São Paulo, com 77,4 km.
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O transporte sobre trilho e a bicicleta são os principais fatores de sucesso das cidades que gozam de qualidade na mobilidade urbana. Em Londres, o maior e mais antigo metrô do mundo começou a operar em 1863. Atualmente, tem 268 estações e cerca de 400 quilômetros de extensão. Toda a malha metroviária brasileira, com 309 quilômetros de extensão, é menor que a da capital inglesa.
Segundo o diretor executivo da CNT, Bruno Batista, o alto custo e o tempo que se leva para implementar o transporte desestimula os governantes a investirem no transporte sobre trilho. “O país ainda está a anos luz de ter um sistema integrado de mobilidade urbana”, avalia o especialista.
Além de ter menor tempo de espera, o transporte sobre trilhos movidos a eletricidade (como metrôs e VLTs) emite menor quantidade de poluentes atmosféricos e permitem maior eficiência energética. Para Bruno, os governantes precisam ter consciência da importância desse tipo de transporte e usar exemplos bem sucedidos em outros países. “Na Ásia, há um modelo de financiamento do metrô com base na valorização imobiliária que se tem nos bairros que têm estação. É uma oportunidade tanto para o empresário quanto para o governo e precisa ser avaliada também aqui no Brasil”, conclui.
Confira o preço das tarifas nas outras cidades:
Cidade | Preço |
São Paulo | R$ 3,80 |
Rio de Janeiro | R$ 4,10 |
Brasília | R$ 5,00 |
Belo Horizonte | R$ 1,80 |
Fortaleza | R$ 2,85 |
Salvador | R$ 3,60 |
Recife | R$ 1,60 |