Nesta sexta-feira (30), depois de mais de um mês sem aparecer no Congresso, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se reuniu com correligionários para manifestar apoio a duas candidaturas antigovernistas: a do deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que confronta os governistas Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ); e a do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), espécie de defecção peemedebista à recondução de Renan Calheiros (PMDB-AL), até então informal favorito na disputa.
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Em coletiva de imprensa, Aécio aproveitou a movimentação no Congresso para atacar o governo Dilma Rousseff e disse que ali estava como presidente nacional do PSDB. Ele disse que havia viajado a Brasília, depois de “uns dias de férias”, para manifestar sua posição à bancada. “O caminho natural do PSDB é fortalecer a candidatura do deputado Julio Delgado. É a candidatura que, ao meu ver, apresenta as melhores condições de garantir a independência fundamental que a Câmara dos Deputados não teve nos últimos anos”, opinou o tucano.
“No Senado, não é diferente. A candidatura do senador Luiz Henrique atende a essa mesma aspiração, de nós não termos um Legislativo acuado, submisso e, principalmente, submetido às vontades e as orientações do Palácio do Planalto”, disse Aécio, referindo-se à “violência enorme” com que o comando do Congresso promoveu a aprovação o projeto de lei que, alterando a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), flexibilizou a meta de superávit fiscal, no final de 2014. “[O governo] feriu de morte a Lei de Responsabilidade Fiscal ao alterar a LDO”, disse Aécio, para quem o governo “não tem dignidade, hombridade, sequer para reconhecer os seus erros”.
Indecisão
Embora ainda não tenha uma posição fechada em seu partido, o senador João Capiberibe (PSB-AP) disse ao Congresso em Foco que muitos de seus correligionários tendem a votar em Luiz Henrique, mas ainda não há fechamento de questão em torno de seu nome. Segundo Capiberibe, a questão será decidida amanhã (sábado, 31), véspera da eleição para as Mesas Diretores do Senado e da Câmara desta nova legislatura (2015-2018).
Por sua vez, a bancada do PT espera um “entendimento dentro do PMDB”, como disse mais cedo o líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE). No entanto, sem ignorar a boa relação entre Luiz Henrique e diversos senadores petistas, sabe que a questão do voto secreto pode dar margem à migração de votos de Renan para o colega catarinense, por parte de petistas insatisfeitos com a hegemonia do grupo do atual presidente da Casa nos últimos anos.
“É uma votação secreta. O partido, naturalmente, toma uma decisão, orienta, mas nesse caso não existe fechamento de questão. O que nós entendemos é que a discussão será suficiente para construir um posicionamento único e eu tenho certeza que é isso que vai acontecer, como já aconteceu em vários momentos”, disse Humberto Costa, acrescentando resguardar o critério de proporcionalidade que dá ao PMDB a primazia na indicação do comando da Mesa. O senador informou ainda que, a exemplo do PSB, a bancada petista decidirá amanhã (sábado, 31) que rumo tomar.