O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) está negociando um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), segundo o jornal Valor Econômico. Preso desde novembro em Bangu 8, o peemedebista pretende delatar o envolvimento de magistrados e integrantes do Ministério Público no esquema de corrupção apurado pela Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato.
De acordo com a reportagem, Cabral está na fase de elaboração de anexos, na qual o acusado apresenta os fatos que está disposto a delatar, por capítulos. Cada um deles traz o resumo das pessoas e dos relatos que serão feitos. Cabe aos procuradores avaliarem, então, se aceitam ou não a proposta de acordo. A decisão precisa ser confirmada, em seguida, pela Justiça.
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Segundo o Valor, a decisão de Cabral por tentar uma delação foi motivada pelo prognóstico de uma pena de prisão muito alta, que poderia chegar a 50 anos, e pela notícia de que as provas contra ele seriam contundentes demais para que pudesse ser solto por meio de um habeas corpus, por exemplo. O ex-governador foi preso sob suspeita de ter recebido mesadas de até R$ 850 mil das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia.
Conforme a reportagem, outros envolvidos na Calicute buscam atenuar a punição detalhando o esquema de corrupção de que participavam, como o empreiteiro Fernando Cavendish, da Delta Engenharia, disposto a delatar políticos do PMDB e do PSDB de vários estados.
Ontem a esposa de Cabral, a advogada Adriana Ancelmo, deixou Bangu e voltou para casa, onde cumprirá prisão domiciliar. Ela foi hostilizada por manifestantes ao chegar ao prédio onde a família mora, no Leblon. A política fluminense foi sacudida, nessa quarta-feira, pela Operação “O quinto do ouro”, marcada pela prisão de cinco dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Estado e pela condução coercitiva do presidente da Assembleia Legislativa, o também peemedebista Jorge Picciani. Aliado de Cabral, ele é pai do ministro do Esporte, Leonardo Picciani.
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