Enquanto os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) analisavam o pedido de habeas corpus preventivo do ex-presidente Lula, a cerca de dois quilômetros da sede do Supremo carros de som conduziam as manifestações contra e a favor da prisão do petista. O STF retomou o julgamento nesta quarta-feira (4) para decidir sobre a prisão ou não de Lula, que já teve sua condenação confirmada e recursos esgotados na segunda instância da Justiça.
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A Esplanada dos Ministérios, na região central de Brasília, foi fechada desde a noite de ontem (terça, 3). A concentração dos movimentos pró e contra a prisão de Lula começou no início da tarde, mas a chuva acabou espantando os manifestantes.
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Segundo informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), mastros de madeira e canivetes foram apreendidos com manifestantes que passaram pelo bloqueio montado pela PM. Nenhuma ocorrência foi registrada até o início da noite e o total de manifestantes,que chegou a 4 mil durante maior movimentação, minguou bastante no fim da tarde. Às 19h20, a PM estimava mil manifestantes na Esplanada.
No início da noite, enquanto os ministros Luís Roberto Barroso e Rosa Weber – terceiro e quarta a votar, respectivamente – proferiam seus votos, o movimento de ambos os lados já era bem reduzido. O início do voto de Rosa, cuja posição era considerada a maior incógnita, foi anunciado pelo carro de som do lado a favor da prisão de Lula. “E aí, ministra, o crime compensa?”, questionou o condutor do protesto.
O momento de maior movimentação no lado pró-prisão foi quando o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) passou para acompanhar a manifestação (veja vídeo). Ambos os lados tinham carros de som entoando canções pró e contra Lula. Do lado a favor da prisão, os manifestantes ainda demonstravam animação no início da noite, cantando e sacudindo bandeiras do Brasil. De um dos lados do carro de som, uma faixa ensinava a cantar os versos a favor da prisão de Lula.
No Congresso
O julgamento também repercutiu no Congresso durante todo o dia. Na Câmara, partidos de oposição lideraram obstrução à pauta de votações. Enquanto os pronunciamentos giraram em torno do julgamento no STF, a Casa acabou não votando nenhuma matéria por não conseguir o quórum necessário. Entretanto, os relatórios dos três projetos que estavam na agenda da Câmara foram lidos, abrindo caminho para a deliberação.
Cristiane Brasil (PTB-RJ) apresentou seu relatório sobre a regulamentação do lobby, Walter Ihoshi (PSD-SP) ofereceu mudanças ao cadastro positivo de consumidores e Alberto Fraga (DEM-DF) divulgou sua versão para a criação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Como não há sessão deliberativa convocada para amanhã (quinta, 5), as três propostas deverão voltar à agenda do plenário na próxima semana.
No Senado, o tema também foi o julgamento. Enquanto Rosa Weber proferia o quarto voto contra Lula, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) fez uma verdadeira defesa do petista – e, ao fazê-lo, provocou a ira de colegas em plenário. Reclamando dos 20 senadores que assinaram manifesto para pedir ao STF a manutenção da prisão de condenados em segunda instância, caso de Lula, Renan leu alguns nomes da lista e fez um duro discurso sobre a iniciativa. Em determinado momento da discussão, Ana Amélia (PP-RS), uma das signatárias do documento, reagiu enquanto o emedebista tentava manter a palavra.
“A democracia do senador Renan Calheiros é esta. Ele quer calar. É o coronel! O coronel querendo calar as mulheres aqui no Senado Federal”, disse a parlamentar gaúcha, enquanto Renan pedia a fala pelo “artigo 14″ – dispositivo regimental que garante réplica a quem é citado de maneira ofensiva.
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