Pouco depois de ter sido absolvido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Michel Temer foi à festa de aniversário do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que completa 47 anos na próxima segunda-feira (12). A comemoração ocorreu na casa do deputado Alexandre Baldy (Podemos-GO), autor do pedido de criação da CPI que vai investigar as operações financeiras do grupo JBS, cujos donos incriminaram o presidente em delação premiada. Baldy é também o relator da comissão, formada por deputados e senadores, que pretende devassar as transações e dívidas do grupo e o acordo de colaboração dos executivos com o Ministério Público.
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Na saída do jantar, Temer disse que viu com “tranquilidade e serenidade” o resultado do julgamento. “Vou continuar pacificando o país”, declarou a jornalistas, enquanto entrava no carro oficial da Presidência.
A CPI da JBS foi instalada no último dia 25, uma semana após a divulgação das gravações em que o presidente ouve o empresário Joesley Batista confessar crimes, sem nada fazer, em encontro fora da agenda oficial, tarde da noite, no Palácio do Jaburu. O teor do áudio, assim como outras acusações de pagamento de propina feitas pelo delator, resultou na abertura de um inquérito contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF). O peemedebista confirma o encontro, mas diz que nada fez porque o interlocutor era um “falastrão”.
Nesta semana, o presidente também entrou em contradição sobre uma viagem que fez com a família para Comandatuba (BA) em 2011 em um avião de Joesley. Inicialmente, disse ter voado em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). Depois, admitiu ter embarcado no Learjet PR-JBS, mas disse que não sabia que era ele o proprietário. A versão é refutada por Joesley e piloto que transportou a família. Segundo Joesley, Temer lhe telefonou para agradecer pelas flores, atribuídas à mãe do delator, deixadas na aeronave para Marcela Temer.
Contraofensiva à JBS
Baldy foi o responsável pela coleta de assinatura de cerca de 200 deputados. No Senado, 32 senadores apoiaram o pedido encabeçado por Athaídes Oliveira (PSDB-TO). A ação foi uma contraofensiva de parlamentares da base aliada às delações de executivos da JBS.
Segundo o requerimento de criação da CPI mista, serão investigadas denúncias de fraudes e irregularidades em aportes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de sua subsidiária, a BNDES Participações, à JBS desde 2007. Esses repasses estão sob investigação da Operação Bullish, da Polícia Federal.
Os parlamentares também prometem apurar a compra e venda de participação na empresa pela BNDESPar, detentora de parte do capital social da JBS. Ainda está no escopo da CPI os termos e condições e a fiscalização das delações premiadas firmadas pelos diretores do grupo com o Ministério Público.
O requerimento de criação da comissão também defende a necessidade de apurar os ganhos que a JBS obteve no mercado de capital com a divulgação do acordo e o débito de R$ 2 bilhões do grupo com a Previdência.
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