O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, tirou licença do governo, nessa quinta-feira (23), alegando problemas de saúde. Ele deve fazer uma cirurgia em Porto Alegre, onde tem residência, neste fim de semana para retirar a próstata. As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. A previsão é de que ele volte ao trabalho no dia 6 de março. Padilha chegou a ser internado esta semana em Brasília em decorrência de uma hemorragia provocada por uma obstrução urinária. Os médicos recomendaram a cirurgia após verificarem o aumento da próstata.
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A licença do ministro ocorre quando o empresário José Yunes, ex-assessor especial e um dos melhores amigos do presidente Michel Temer, conta que recebeu, a pedido de Padilha, um “pacote” em seu escritório entregue pelo doleiro Lucio Funaro, operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A declaração de Yunes foi dada à própria Monica Bergamo, confirmando depoimento espontâneo prestado por ele à Procuradoria-Geral da República na semana passada.
Em sua delação premiada, o ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho disse que enviou dinheiro vivo ao escritório de Yunes também a pedido de Padilha. O ministro não se pronunciou sobre as declarações de Yunes. Na entrevista à jornalista, Yunes conta que pode ter sido um mero “mula” e que nunca teve nada a ver nem com a origem nem com o destino de recursos para campanhas eleitorais.
Pedido de R$ 10 milhões
As declarações do ex-assessor especial da Presidência pressionam Padilha e o presidente Michel Temer. Ainda em sua delação, Claudio Melo disse que Temer lhe pediu, durante um jantar no Palácio do Jaburu, apoio financeiro para o PMDB na campanha eleitoral de 2014. Segundo ele, também estavam presentes ao encontro Eliseu Padilha e Marcelo Odebrecht.
Claudio Melo afirmou que acertou o repasse de R$ 10 milhões ao PMDB. Desse total, R$ 4 milhões ficariam sob responsabilidade de Padilha. O ex-diretor da empreiteira contou que um dos pagamentos foi feito na sede do escritório de advocacia de Yunes, no Jardim Europa, em São Paulo.
Pacote
Em entrevista à Folha, Yunes confirma o que relatou espontaneamente à Procuradoria-Geral da República: que recebeu, naquele ano, em meio à campanha eleitoral, um telefonema de Padilha, afirmando que precisaria de um favor. Conforme o amigo de Temer, o hoje chefe da Casa Civil lhe pediu que recebesse alguns “documentos”, a serem retirados em seguida por um emissário. Segundo ele, quem entregou o documento foi Lucio Funaro, que chegou levando um “pacote”.
José Yunes disse que não sabe o conteúdo do pacote e que não se preocupou em esclarecer o que havia dentro dele. Amigo de 50 anos de Temer, o empresário deixou a assessoria do presidente no final do ano passado após a divulgação da delação de Cláudio Melo. Em carta divulgada quando deixou o governo, Yunes afirmou que tinham jogado seu nome no “lamaçal de uma abjeta delação” premiada e criticou a “fantasiosa alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie”.
Em dezembro, o Palácio do Planalto respondeu que as doações da Odebrecht ao PMDB foram declaradas à Justiça Eleitoral. “Não houve caixa dois, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente.” O ministro Eliseu Padilha não se manifestou sobre as declarações de Yunes.
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