Dessa forma, a revista atribuiu a Marcos Valério uma explosiva versão do mensalão, segundo a qual o ex-presidente Lula não apenas sabia, mas era o chefe supremo do esquema de remuneração ilegal de aliados políticos que ficou conhecido como mensalão.
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Marcelo Leonardo, porém, refuta essa e as demais acusações veiculadas pela revista. “Desde 2005 Marcos Valério não dá entrevistas e não deu nenhuma entrevista para a revista Veja agora”, afirmou. O advogado disse que conversou hoje com Valério e que ele negou as declarações atribuídas a ele. O defensor disse não saber “de onde a Veja tirou essas informações”. Líderes petistas não quiseram comentar a reportagem. A assessoria de Lula disse que ele não fez comentários sobre a matéria.
Após a publicação da reportagem, integrantes da oposição reagiram. O presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN), disse em nota que o Brasil espera explicações: “O que eram suspeitas colocam-se agora como objeto real de investigação pelas revelações atribuídas a Marcos Valério, principal agente operador do mensalão. Se confirmadas as revelações, fica evidenciado que o mensalão estava instalado no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada, símbolos maiores do poder da República. O Brasil espera explicações”.
PublicidadePara o candidato à prefeitura de São Paulo José Serra (PSDB), Lula precisa dar satisfação à sociedade. Na manhã de hoje, após ato de campanha no centro da capital paulista, ele disse que a reportagem “mostra a necessidade de que tudo isso seja aprofundado”. “Lula já devia satisfações ao país. Reconheceu que havia, depois que não havia [o mensalão]. O Supremo diz que havia, já decidiu e está condenando. Seria oportuno se ele [Lula] se manifestasse sobre isso”, afirmou o candidato tucano.
Tentativas de transformar Lula em réu
Em pelo menos sete oportunidades, a inclusão do ex-presidente no rol dos acusados do mensalão não foi aceita tanto pelos investigadores quanto pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “O Ministério Público é o titular da ação penal. Mesmo que quiséssemos, não poderíamos arguir o procurador-geral da República a incluir um réu”, disse o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo.
A última tentativa de inclusão foi feita pelo advogado Luiz Roberto Barbosa, que defende o ex-deputado Roberto Jefferson, por meio de uma questão de ordem feita durante o julgamento do processo do mensalão. Para o advogado, o ex-presidente não é “um pateta” para que, na ocasião, não tivesse conhecimento sobre o que ocorria no governo. O advogado cobrou do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a inclusão de Lula na denúncia. O pedido foi negado pelos ministros do STF.
No ano passado, o procurador da República Manuel Pastana disse haver provas da responsabilidade do ex-presidente Lula no mensalão. Para ele, as provas que incriminam Lula vêm do conjunto de atitudes do governo que culminaram com o envio, em setembro de 2004, de mais de 10 milhões de cartas a aposentados do INSS.
As cartas, com timbre da Presidência e assinadas pelo próprio Lula e por Amir Lando, então ministro da Previdência, informavam sobre a existência do sistema de crédito consignado administrado pelo BMG. Ele fez um pedido formal a Gurgel para que Lula fosse colocado entre os réus. Para o atual procurador-geral, não existia fato novo para justificar a inclusão do ex-presidente na ação penal do mensalão.
Afirmações atribuídas a Valério
Faz sete anos que Marcos Valério saltou do anonimato para as manchetes, na condição de principal operador do mensalão.
No julgamento ainda em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), Valério já foi condenado por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e peculato, e ainda será julgado por evasão de divisas e formação de quadrilha. Segundo a própria reportagem de Veja, as punições por todos esses crimes podem chegar a cem anos de prisão.
Eis as principais afirmações atribuídas a Marcos Valério pela revista Veja:
“O PT me transformou em bandido”.
“Da SMP&B vão achar só os 55 milhões, mas o caixa era muito maior. O caixa do PT foi de 350 milhões de reais, com dinheiro de outras empresas que nada tinham a ver com a SMP&B nem com a DNA”.
“[José] Dirceu era o braço direito do Lula, um braço que comandava”.
“Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”.
“O meu contato com o PT [após estourar o mensalão] era o Paulo Okamoto”.
“O Delúbio dormia no Alvorada. Ele e a mulher dele iam jogar baralho com Lula à noite”.
“Vão me matar [se eu contar tudo]. Tenho de agradecer por estar vivo até hoje”.
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