Governador do Piauí por dois mandados consecutivos (2003-2010), Wellington Dias teve de enfrentar uma tragédia em sua gestão: nove mortos e três famílias desabrigadas depois do rompimento da Barragem Algodões, obra patrocinada pelo governo piauiense, em maio de 2009, no município de Cocal. Depois que o órgão estatal responsável certificou a segurança das obras, o governo liberou o retorno de populares às suas residências (depois de detectado vazamento que levou à retirada, por determinação da Justiça, em caráter emergencial), às margens do rio por meio do qual escoava a água represada – todos os procedimentos devidamente comunicados ao Ministério da Integração e às instituições envolvidas no empreendimento. A denúncia acusa o governo do Piauí de ter descumprido a determinação judicial de retirada.
A barragem havia sido construída por meio de convênio do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), destacou o senador, durante a gestão do ex-senador Mão Santa, que governou o Piauí entre 1995 e 2001. Em entrevista ao Congresso em Foco, o senador disse que, entre outros fatores, um temporal de alto índice pluviométrico levou à tragédia. “Teve uma chuva de 145 milímetros. Para você ter uma ideia, isso equivale a, aproximadamente, 40% do que chove por mês nessa região. Essa chuva caiu em mais ou menos seis horas”, lamentou o petista, lembrando que o caso ocorreu em junho, “quando termina o inverno no Piauí”.
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“Infelizmente, algumas pessoas não cumpriram o toque de retirada, e ficaram abrigadas em escolas. Na divisa do Piauí com o Ceará tem a Serra da Ibiapaba, e a chuva foi em cima dessa serra. A água chegou num volume muito forte. Lamentavelmente, perdemos a vida pessoas”, acrescentou Wellington, lembrando que foi ao local horas após o rompimento. “A acusação foi de que eu seria o responsável por isso. Havia tido outras ações. Primeiro, me acusaram de que eu tinha feito a barragem. Depois, foram várias acusações”, completou o senador, para quem o promotor que ofereceu a denúncia, Maurício Gomes de Sousa, transformou o caso “num fato político”.
O processo foi encaminhado ao STF devido ao instituto do foro privilegiado, que determina que instâncias inferiores da Justiça encaminhem processo envolvendo autoridades – como senadores, deputados e governadores – à mais alta corte do Judiciário. “Nada vai reparar a vida dessas pessoas, mas buscamos reconstruir casas, sistemas de energia e fornecimento de água, escolas e unidades de saúde que foram destruídos, dando atenção e protegendo as gentes que ainda hoje recebem ajuda do governo”, lamentou o senador, lembrando que o governo tentou evitar, tanto com obras de reparo como com um alarme preventivo, uma tragédia que poderia ter sido maior. “Cerca de 3 mil pessoas moravam na região.”