Em seu último ato antes de ser assassinada, a vereadora Marielle Franco (Psol), do Rio, participou de um evento na Casa das Pretas, espaço de militância feminina negra, na região central da capital fluminense. Mediadora do debate, Marielle pregou a necessidade de resistência, articulação dos movimentos sociais e luta permanente pela conquista e reconhecimento de direitos das mulheres negras, faveladas e periféricas. Disse que não é à toa que os índices de feminicídio são tão altos no Brasil.
“O mandato de uma mulher negra, favelada e periférica precisa estar pautado junto aos movimentos sociais, à sociedade civil organizada, a quem está fazendo para nos fortalecer naquilo que a gente objetivamente não se reconhece, não se encontra, não se vê. A negação é o que eles apresentam como nosso perfil”, disse.
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“Ter a nossa casa, o nosso lugar, o nosso período, o nosso lugar de resistência, daí fazer esse evento no bojo das atividades dos 21 dias de ativismo que a gente sabe que está ativa, está militando, está resistindo o tempo todo. Mas com alguns períodos em que a gente se fortalece na luta”, acrescentou ao dar o início às discussões que se estenderam por cerca de uma hora e meia. “Não é à toa que os índices de homicídio, de feminicídio e estupro contra o nosso corpo, infelizmente, aumentam.”
Veja o vídeo com a participação de Marielle:
Depois de deixar o local, enquanto voltava para casa, Marielle foi alvejada com quatro tiros na cabeça dentro do veículo em que também estavam o seu motorista, Anderson Pedro Gomes, e sua assessora de imprensa. Anderson também foi morto. O crime ocorreu na esquina das ruas Joaquim Palhares e João Paulo I. A Polícia Civil suspeita que o crime tenha sido uma execução e que os criminosos sabiam o exato lugar onde ela estava sentada no veículo, que tinha vidros escuros.
Ativista dos direitos humanos, socióloga, quinta vereadora mais votada do Rio na última eleição, Marielle foi nomeada relatora da comissão que acompanhará a intervenção federal na segurança pública do Rio. Ela denunciou, no último sábado, uma ação truculenta de policiais do 41 BPM (Irajá) na favela de Acari. A vereadora era conhecida por sua atuação em defesa dos direitos humanos das minorias e por denunciar ações violentas da polícia em favelas e regiões periféricas da capital fluminense.
Entidades como a Anistia Internacional e a Ordem dos Advogados do Brasil, além do Psol, cobraram apuração imediata e rigorosa do crime. O partido da vereadora fará uma sessão especial no Congresso nesta quinta-feira em memória de Marielle Franco.
O Brasil acabou. Ficou um amontoado de políticos bandidos, um povo amedrontado e a pior Justiça do Universo.
Definição precisa como um raio laser. É esse o país. Não sei se o povo reage. Queima de fogos na Avenida Atlântica, carnaval, futebol e por aí vai, mobilizam milhões, mas a sobrevivência de uma nação não junta uma Kombi cheia.