Em entrevista coletiva dada nesta sexta-feira (4), em Curitiba, o procurador da força tarefa da Lava Jato Carlos Fernando Santos Lima afirmou que “há indícios significativos que Lula recebeu vantagens de empreiteiras investigadas pela operação”. Segundo o Ministério Público, o ex-presidente era investigado por ocultação de patrimônio, referente ao sítio em Atibaia e ao apartamento triplex no Guarujá, mas, agora, também é suspeito de lavagem de dinheiro e corrupção. Os repasses a Lula investigados pela Lava Jato somam R$ 30 milhões.
Segundo o MPF, o ex-presidente recebeu, por meio do Instituto Lula, R$ 20 milhões em doações das cinco maiores empreiteiras do país (Camargo Corrêa, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e UTC), o que representa 60% da receita da entidade. Lula também é investigado por ter recebido cerca de R$ 10 milhões destas mesmas empresas, investigadas na Operação Lava Jato, para ministrar palestras no Brasil e no exterior, o valor significa 40% do faturamento do ex-presidente com palestras. Além disso, anda de acordo com os procuradores, a Odebrecht e a OAS fizeram reformas e compraram móveis para o sítio em Atibaia. O pecuarista José Carlos Bumlai, preso em novembro pela Lava Jato, é apontado como o responsável pelo pagamento dessas obras.
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De acordo com a força-tarefa, nem todos os pedidos de prisão preventiva e conduções coercitivas não foram aceitos pelo juiz Sérgio Moro. A prisão de Lula não estava entre esses pedidos negados, segundo Carlos Fernando. “Não identificamos a necessidade de pedir a prisão do ex-presidente”, afirmou o procurador.
Estão sendo ouvidos na 24ª etapa da Lava Jato, além de Lula, o atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, o ex-prefeito de Diadema e tesoureiro da campanha de Dilma, José de Fillipi Júnior e o diretor da OAS, Paulo Gortilho. Fábio Lula da Silva, filho de Lula, se apresentou espontaneamente para prestar depoimento à Polícia Federal. Também foram executados 33 mandados de busca e apreensão em três estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
Segurança
A Polícia Federal justificou que a condução coercitiva do ex-presidente foi uma questão de “segurança para ele e para os agentes envolvidos na operação”. Segundo o delegado Igor Romário de Paula, já eram esperadas manifestações contra e a favor de Lula, por se tratar de uma figura pública e com alto apelo popular. “Até por isso, pela primeira vez, as ações da Lava Jato foram acompanhadas de equipes táticas”, afirmou.
Neste momento, Lula está sendo ouvido no aeroporto de Congonhas, onde pessoas se aglomeram no saguão de embarque. De acordo com o delegado, até o local do depoimento de Lula teve de ser alterado para evitar possíveis imprevistos. “Optamos por reservar uma sala no aeroporto de Congonhas onde Lula ficaria protegido e o depoimento pudesse ser prestado sem mais imprevistos”, explicou.
Há manifestações também em frente ao Instituto Lula, em São Paulo, e nos arredores do apartamento onde mora o ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP).
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