A selvageria dos mais de 30 homens que estupraram uma adolescente do Rio de Janeiro conseguiu ganhar espaço no noticiário em tempos de Operação Lava Jato, em meio às diárias “bombas atômicas” lançadas em diversas direções por investigados no esquema de corrupção da Petrobras. A barbárie, cometida na última segunda-feira (23) contra a jovem, moradora da zona oeste fluminense, teve requintes de crueldade e exibição na internet e grupos de WhatsApp – postado em redes sociais por alguns dos próprios agressores, que fizeram questão de mostrar seus rostos, o vídeo foi distribuído com velocidade e, com a devida identificação dos autores, propiciou abertura de investigação com ampla repercussão nacional e internacional. E, ato contínuo, uma onda de protestos se formou nas ruas, no ambiente acadêmico, em empresas e repartições públicas, nas mais diversas plataformas virtuais, enfim, nos vários espaços de discussão da sociedade.
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Acostumado à lida da política, este site também abre espaço para a abordagem desse assunto triste e delicado e engrossa a luta pelos direitos das mulheres, registrando dois vídeos que resumem a revolta e a dor que tomou conta de mulheres (principalmente) e homens em todos os cantos do país – e, graças à onipresente rede mundial de computadores, em algumas partes do planeta. No vídeo abaixo, a atriz Letícia Sabatella se une a outras mulheres em performance tão perturbadora quanto necessária. Em foco, principalmente a violência contra a mulher, mas também o protesto contra o machismo, dando ensejo à discussão sobre a igualdade de gênero.
Assista:
Neste outro registro abaixo, uma mulher negra é inicialmente filmada em close, sem que seus olhos sejam exibidos, e começa a contar até trinta – em alusão ao número aproximado de estupradores da zona oeste – enquanto lágrimas percorrem sua face. O vídeo foi postado nesta sexta-feira (27) na conta de Preta Pariu, youtuber “feminista, mãe de quatro crias lindas”, e escancara dois minutos e nove segundos de um recado direto, emotivo, contundente, que é concluído com uma mensagem de esperança e solidariedade à “linda jovem de apenas 17 [16] anos”.
Veja:
Graças às possibilidades da internet, esse crime não deverá ficar impune. O registro do vídeo nas redes logo após o estupro coletivo resultou em quase mil denúncias encaminhadas ao Ministério Público do Rio. Como é praxe em ocasiões como essa, personalidades e políticos logo se mobilizaram a manifestar solidariedade à vítima, entre eles a presidente afastada Dilma Rousseff e seu vice e interino no cargo, Michel Temer – este, anunciando que seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, promoverá uma “reunião de emergência”, só que para a próxima terça-feira (31), com secretários de segurança de todo o país. Temer se disse “totalmente chocado e indignado com essa barbárie”. Dilma reiterou a obrigação cívica: “Precisamos combater, denunciar e punir este crime”.
A indignação popular não se restringirá às redes. Neste registro abaixo, um áudio gravado por meio de programa de computador faz um resumo dos protestos de rua convocados em capitais do país nos próximos dias.
O fato é que a vítima foi encontrada, no dia em que o crime foi cometido, em delicado estado de saúde em uma região conhecida como Praça Seca, na mesma zona oeste do Rio de Janeiro – ali perto, no Morro São João, foi onde ocorreu a violação não só de seu corpo. “Não, não dói o útero, e sim a alma”, disse a própria adolescente em uma conta não identificada no Facebook, na fragilidade de seus 16 anos, após prestar depoimento e relatar às autoridades de segurança pública do estado um pouco do que sofreu.
Em tempo: a menina só frequentava o local para encontrar o namorado, que agora está entre os suspeitos do estupro e, segundo investigações preliminares, levou-a ao encontro de seus algozes por vingança, por ter pensado que havia sido traído.