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Roseli foi a única dos três convocados para depor hoje na CPI do Cachoeira que aceitou responder às perguntas dos parlamentares. Ela foi sem advogado e disse que estava disposta a colaborar com o trabalho da comissão. De acordo com as investigações da Polícia Federal, Roseli seria sócia na empresa de fachada Alberto & Pantoja Construções, suspeita de lavar dinheiro da Delta. Ela afirma que seu nome foi usado pela quadrilha à sua revelia.
As investigações da CPI corroboram o que disse Roseli. Segundo o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), o CPF que aparece na sociedade da Alberto & Pantoja como sendo o de Roseli não é o dela. Além disso, no contrato da empresa, seu nome aparece com “y”, e não com “i”, como é o correto. São sinais de que ela foi usada sem saber como laranja pelo esquema, reforçado as suspeitas sobre a Delta. “Nós estamos diante da CPI da Delta. A CPI do Cachoeira acabou. A CPI do Cachoeira está concluída”, afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
“De repente, o Cachoeira passa a ser o menor agente. Passa a ser um problema da polícia. A Delta, não. Acho que nossa dedicação tem que se concentrar, e muito, na Delta”, completou Miro. Para o senador Pedro Taques (PDT-MT) as investigações devem ser ampliadas. “Se vivêssemos num país sério, o dono da Delta estaria preso”, afirmou. Fernando Cavendish, dono e ex-presidente da empresa irá depor na CPI em 29 de agosto.
Segundo o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), a Delta tem negócios com 16 empresas fantasmas que já movimentaram mais de R$ 300 milhões. Apenas a Alberto & Pantoja recebeu R$ 27 milhões da Delta mensalmente. “Estamos chegando à conclusão de que o Cachoeira é peixe miúdo nesta história e a holding do esquema é a Delta. […] Como Roseli, outras pessoas foram usadas pelo bando”, disse.
Para o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), a cela em que Cachoeira está preso desde fevereiro “está incompleta”. “A comissão entra hoje em uma fase nova. A fase relativa a Carlos Cachoeira está concluída. Agora precisamos investigar a empresa Delta e o desvio milionário de recursos públicos”, acrescentou.
Segundo o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), os contratos que a construtora assinou com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) eram de fachada. “Isso é roubo de dinheiro público, é corrupção. Os contratos eram aditados em 100%. A construtora recebeu R$ 1,3 bilhão do órgão federal para execução de diversas obras pelo País”, disse.
Miro Teixeira chegou a propor um “aditamento” para que a comissão passe a se chamar “CPI da Delta”. No entanto, não houve nenhuma deliberação em relação a isso.
Discordância
O deputado Roberto Fonseca (PR-DF), no entanto, discordou de seus pares e disse que, em sua opinião, “a CPI está no rumo certo”. “Vamos sem ansiedade. Nós vamos chegar lá, não temos pressa, temos um tempo a ser cumprido pela CPMI. Então, não vamos nos apressar, ficar sofrendo pressão de lá e de cá e achar que a gente tem de agora mudar o foco, mudar o rumo. Acho que estamos no rumo certo e precisamos deixar claro para a Nação quem são os agentes públicos que estão por trás do Sr. Carlinhos Cachoeira”, disse.
Para Odair Cunha, não há porque mudar o foco de investigação do colegiado. “Estamos falando de uma organização que continua operando, atuando. Não sei de onde tiraram isso de que a história do senhor Carlos Cachoeira está resolvida. Ele corrompeu agentes públicos, promotores, deputados e senadores e continua atuando no estado como se isso não existisse. Nós vamos continuar investigando a organização de Cachoeira.
Roberto Fonseca esclareceu em seguida, que defende sim a investigação da construtora, mas “dentro daquilo que é o Cachoeira”. “Negar que a Delta não pode ser investigada é você negar quem é que está abastecendo de milhões de reais empresas que colocam inclusive a D. Roseli numa situação dessas, numa situação constrangedora, quando no nome dela foi aberta uma empresa, quando no nome dela sacaram dinheiro em contas falsas, de empresas laranjas, e aqui uma junta comercial do Governo do Distrito Federal, com documentos rasurados, com CPF inválido, consegue montar uma empresa para gerir negócios que atendem ao grande esquema de corrupção do Sr. Cachoeira”, disse.
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